De olho na reeleição, senador petista se rebela na CPMI do INSS e pode complicar a situação de Lula

“Dane-se o PT. Dane-se o Lula.” Se não com essas palavras, certamente com essa lógica parece agir o senador Fabiano Contarato (PT-ES), que dá claros sinais de estar em campanha antecipada pela própria reeleição em 2026. A tática? Distanciar-se o quanto pode da imagem do partido e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — ainda que seja filiado ao Partido dos Trabalhadores.

A postura do senador tem chamado atenção principalmente em sua atuação na recém-instalada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Contarato tem feito uma série de movimentos que causam desconforto ao governo e ao próprio PT, apresentando requerimentos que, na prática, colocam aliados históricos do partido no centro das investigações.

Entre os alvos dos pedidos de convocação apresentados por ele estão:

  • Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA);

  • Aristides Veras dos Santos, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG);

  • Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (CONAFER).

As três entidades têm relações históricas e simbióticas com os governos petistas e com os movimentos sociais ligados à base de apoio de Lula.

Mas Contarato não parou por aí. Também pediu a convocação de Alessandro Antonio Stefanutto, ex-presidente do INSS, nomeado na atual gestão e demitido após se tornar alvo de uma operação da Polícia Federal. Stefanutto teve seu gabinete e sua residência vasculhados por agentes federais. A convocação do ex-dirigente — que está no epicentro de um escândalo envolvendo fraudes previdenciárias — promete trazer mais dores de cabeça ao Planalto.

Para aliados mais pragmáticos, a movimentação de Contarato tem endereço certo: as urnas de 2026. Sabendo que o antipetismo ainda é forte em setores do Espírito Santo, especialmente entre o eleitorado mais conservador, o senador tenta se descolar da imagem do partido que o elegeu. No xadrez político, busca construir um perfil de “independência” para captar votos fora da bolha petista.

Internamente, a atitude causa incômodo. Nos bastidores, parlamentares do PT já se dizem surpresos (e até irritados) com o que chamam de “fogo amigo” vindo de Contarato. “Está pensando só na cadeira dele”, teria dito um correligionário em reserva.

O senador, no entanto, parece disposto a bancar o personagem — ou melhor, o cálculo político. Ao jogar para a plateia e se apresentar como um fiscal implacável, Contarato tenta se consolidar como nome viável em qualquer cenário: com ou sem o apoio direto do Planalto.

Se vai funcionar, só 2026 dirá. Mas uma coisa é certa: Contarato já escolheu o seu campo de batalha.

Prossiga, Contarato…

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Bruno Rigacci

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