ORCRIM de funcionários da Caixa Econômica Federal operava há mais de 20 anos
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (21) uma operação que desmantelou uma organização criminosa que há cerca de 20 anos atuava de forma sistemática contra o sistema financeiro nacional e programas sociais do governo. O grupo criminoso contava com a participação de diversos funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF) e de instituições bancárias privadas, além do uso de empresas de fachada e pessoas de baixa renda como laranjas.
As investigações, iniciadas em maio de 2024, revelaram um esquema de fraude altamente estruturado, com envolvimento direto de pelo menos seis funcionários da Caixa e quatro de bancos privados. A quadrilha administrava mais de 330 empresas fictícias, muitas das quais registradas em nome de “fantasmas” e beneficiários de programas sociais, utilizados como sócios laranjas.
Segundo a Polícia Federal, o grupo usava imóveis reais como fachada para dar aparência de legalidade às empresas fantasmas. Também eram realizadas simulações de movimentações financeiras, criação de contas fraudulentas e obtenção de empréstimos ilegais, tudo com o apoio de bancários integrantes do esquema.
A atuação conjunta com a Caixa Econômica Federal foi fundamental para o cruzamento de dados, que permitiu identificar cerca de 200 operações de crédito fraudulentas, gerando um prejuízo documentado de R$ 33 milhões apenas à instituição. A estimativa da PF é que o rombo total ao sistema financeiro nacional ultrapasse R$ 110 milhões.
De acordo com os investigadores, a complexidade do esquema e o tempo de operação indicam que a organização contava com uma ampla rede de proteção e acesso privilegiado a informações sigilosas, o que dificultava a detecção das fraudes ao longo dos anos.
Os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, fraude bancária, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. As investigações continuam, e novas prisões não estão descartadas.