Moraes se encontra pessoalmente com Davi Alcolumbre

Os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), realizaram recentemente uma reunião reservada com representantes de peso do setor financeiro para discutir os possíveis impactos das sanções impostas pelo governo do presidente Donald Trump no âmbito da Lei Global Magnitsky, que inclui Moraes em uma lista de pessoas sancionadas por supostas violações de direitos humanos e liberdades civis.

Segundo revelou a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, a preocupação entre os ministros com a ofensiva vinda dos Estados Unidos é real — e tem motivado articulações discretas nos bastidores de Brasília para conter danos e buscar uma reação institucional à altura.

Após o encontro com os banqueiros, Moraes recebeu a visita do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em uma reunião que contou ainda com o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, e o ministro Edson Fachin, que assumirá a presidência da Corte em setembro. Também esteve presente o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, atual secretário de Assuntos Institucionais de São Paulo.

Crise institucional e tentativa de acordo

O segundo encontro, desta vez político, teve como pauta central a tentativa de costurar um acordo para amenizar a crise entre o Congresso e o Judiciário, deflagrada após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e a imposição de tornozeleira eletrônica ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), investigado por suposta obstrução de justiça e conluio em tentativas de golpe de Estado.

A presença de Alcolumbre, figura chave na articulação do Senado, teria como objetivo intermediar uma saída institucional que evite um aprofundamento da crise, ao mesmo tempo em que preserve a imagem do Supremo e contenha o avanço de narrativas internacionais que colocam a Corte como símbolo de autoritarismo.

“Toda essa movimentação mostra o quanto o Supremo está incomodado e preocupado com a ofensiva de Trump e seus efeitos no Brasil. Mesmo que em público façam ironias e procurem não passar recibo”, escreveu a colunista Malu Gaspar.

O pano de fundo: Trump, Magnitsky e a pressão internacional

A Lei Global Magnitsky permite que o governo dos EUA aplique sanções unilaterais a autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos. No caso de Moraes, a inclusão na lista de sancionados ocorreu em meio a uma ofensiva judicial movida por empresas ligadas a Trump — como a Trump Media (controladora da Truth Social) e a plataforma Rumble — em defesa de apoiadores de Bolsonaro cujas contas foram suspensas por ordem do ministro.

A ação, que tramita na Justiça Federal da Flórida, foi responsável por acionar dispositivos legais americanos que resultaram no bloqueio de acesso de Moraes a serviços e instituições financeiras nos EUA, aumentando a pressão sobre o STF e gerando um mal-estar inédito entre os Poderes no Brasil.

Repercussão e próximos passos

Nos bastidores, fontes do Congresso e do Judiciário admitem que a movimentação dos ministros evidencia um nível de desconforto incomum com os desdobramentos internacionais das decisões tomadas no Brasil — especialmente diante da proximidade das eleições presidenciais de 2026 e da retomada do protagonismo de Trump no cenário global.

Apesar do tom público de confiança e serenidade, a cúpula do STF estaria em alerta máximo diante da possibilidade de novas ações e sanções que possam afetar não só a imagem institucional da Corte, mas também a estabilidade política e econômica do país.

Os próximos meses devem ser decisivos, com a expectativa de que o Supremo avance em sua estratégia de contenção e diálogo, tanto com o mercado quanto com o Congresso, para mitigar os riscos de isolamento institucional e garantir um mínimo de coesão diante de um cenário externo cada vez mais volátil.

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Bruno Rigacci

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