Barroso percebe que “conta chegou” e tenta cair fora

A crescente tensão nas relações entre o governo dos Estados Unidos e membros do Supremo Tribunal Federal (STF) começa a ter efeitos pessoais e emocionais visíveis dentro da Corte. Segundo fontes próximas ao Judiciário, o ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF, estaria profundamente abalado com os desdobramentos recentes envolvendo sanções internacionais, rumores sobre a revogação de seu visto americano e a possibilidade de inclusão na lista de sancionados pela Lei Global Magnitsky.

A informação circula nos bastidores do poder em Brasília e confirma que, apesar do tom de segurança mantido em público, a conta da tensão institucional está chegando — e é pesada.

Da provocação ao desgaste

Barroso ficou conhecido por frases de forte impacto político, como a célebre “Perdeu, mané!”, dita durante a repressão aos protestos golpistas em frente aos quartéis após as eleições de 2022. À época, a fala foi vista por apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro como provocativa e autoritária, enquanto aliados da institucionalidade a classificaram como uma resposta firme às tentativas de ruptura democrática.

No entanto, a atual conjuntura parece ter invertido os papéis. Agora, é o ministro quem estaria enfrentando pressões externas e o peso de suas decisões passadas.

Lei Global Magnitsky: o fantasma que ronda o STF

A Lei Global Magnitsky é um instrumento de política externa dos Estados Unidos que permite sancionar autoridades estrangeiras acusadas de envolvimento em corrupção ou violações de direitos humanos. Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes foi supostamente incluído na lista de sancionados, o que levou à suspensão de acesso ao sistema financeiro americano e de entrada no país.

Nos bastidores, há receio de que outros ministros estejam sendo avaliados por órgãos americanos, incluindo o Departamento do Tesouro e o Departamento de Estado. Barroso seria um dos nomes em análise, segundo pessoas com acesso a fontes diplomáticas.

A perda do visto americano, embora ainda não confirmada oficialmente, foi mencionada por interlocutores como um sinal claro de que Washington está ampliando o cerco contra membros da mais alta Corte brasileira.

Abatimento e silêncio

Segundo relatos de fontes próximas ao Supremo, Barroso estaria emocionalmente abalado e mantendo uma postura mais reservada nos últimos dias. O desgaste da imagem internacional do STF, o isolamento institucional e o risco de medidas futuras mais severas — inclusive investigações sobre familiares e vínculos comerciais — teriam atingido o ministro com força inesperada.

Um assessor que preferiu não se identificar revelou que “o tom de otimismo deu lugar à cautela e ao silêncio calculado”, em referência ao comportamento recente de Barroso nas reuniões internas do Tribunal.

O impacto político

A situação complica o ambiente no Supremo em um momento em que o país se prepara para novos ciclos eleitorais e para o reposicionamento estratégico do Judiciário em relação ao Executivo e ao Congresso.

Barroso, que vinha tentando adotar um discurso institucional mais conciliador nos últimos meses, agora se vê no centro de uma crise que extrapola os limites nacionais e expõe a vulnerabilidade dos ministros diante da pressão internacional.

O que vem a seguir?

Caso se confirme a inclusão de Barroso na lista da Lei Magnitsky, o impacto pode ser devastador: bloqueio de bens nos EUA, restrições de deslocamento internacional, congelamento de relações com instituições financeiras estrangeiras e perda de credibilidade junto a organismos multilaterais e investidores.

Além disso, uma eventual escalada nas sanções contra membros do STF pode gerar uma crise diplomática aberta entre Brasil e Estados Unidos, algo inédito em tempos recentes.

Enquanto isso, cresce o debate sobre a necessidade de maior transparência, limites institucionais e responsabilização no exercício do poder judicial, especialmente em casos com forte impacto político e social.

O Supremo, agora sob fogo cruzado, enfrenta um teste de resiliência — e Barroso, no epicentro dessa tempestade, vive o que pode ser o momento mais delicado de sua carreira pública.

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Bruno Rigacci

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