A “imbecil” nota do PL após a prisão de Bolsonaro

A nota oficial divulgada pelo Partido Liberal (PL) nesta segunda-feira (4), em reação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que impôs prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chamou atenção mais pelo tom inusitado e emocional do que por qualquer conteúdo jurídico ou político substancial.

Assinada pelo presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, a declaração surpreendeu aliados e integrantes do partido ao se limitar a um desabafo:

“Estou inconformado!!!!! O que mais posso dizer?”

A publicação, feita nos canais oficiais do partido e em grupos de mensagens de parlamentares, rapidamente viralizou nas redes sociais, provocando reações internas adversas.

Um dos mais enfáticos foi o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), aliado fiel de Bolsonaro e figura proeminente da base bolsonarista no Congresso. Em seu perfil no X (antigo Twitter), ele classificou a nota como “patética”:

“Que nota mais imbecil é essa? Pelo amor de Deus.”

Nos bastidores, deputados do PL relataram irritação com a falta de firmeza e articulação da liderança partidária diante do que classificam como uma “escalada autoritária” do Judiciário contra o ex-presidente. Muitos esperavam uma manifestação com argumentos jurídicos e políticos mais robustos, que pudesse unificar o discurso da sigla e mobilizar a base.

Clima de tensão no partido

O episódio evidencia o racha entre a direção do PL e a ala bolsonarista mais ativa, que vê com desconfiança a postura de Valdemar desde os episódios de desgaste entre Bolsonaro e a cúpula partidária. O silêncio inicial do ex-presidente após a decisão do STF também contribuiu para o clima de incerteza dentro da legenda.

Internamente, já circulam sugestões para que o partido convoque uma reunião emergencial da executiva nacional, com o objetivo de alinhar o discurso e definir estratégias para enfrentar o novo capítulo da crise política envolvendo seu principal nome.

Contexto da decisão

A prisão domiciliar de Bolsonaro foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, após o ex-presidente ter participado — por telefone — de um ato público em apoio aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. A interação foi vista pelo STF como violação das medidas cautelares que proíbem o uso de redes sociais e manifestações públicas, ainda que indiretas.

Próximos desdobramentos

Enquanto a defesa de Bolsonaro prepara recurso, aliados devem intensificar as mobilizações em sua defesa. A fragilidade do posicionamento oficial do PL, porém, pode comprometer a articulação de uma resposta unificada no Congresso.

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Bruno Rigacci

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