CPMI do INSS será instalada com um objetivo nefasto
O escândalo bilionário envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que movimentou cifras colossais e revelou esquemas de corrupção com ramificações em diversos setores, começa a sair do radar da opinião pública. No entanto, os desdobramentos políticos continuam, e a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS está prevista para ocorrer nos próximos dias.
Apesar da relevância do tema, a expectativa de apuração efetiva é vista com ceticismo nos bastidores de Brasília. Segundo reportagem do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, há uma articulação silenciosa para limitar os danos da investigação.
“De acordo com um personagem graúdo do Centrão, o volume de senadores que podem ter problemas com as fraudes é tamanho que tudo está sendo cuidadosamente preparado para frear qualquer tipo de resultado que respingue nesta turma”, escreveu Jardim.
O jornalista ainda pontua que, como em toda CPMI, há sempre o risco de o controle político escapar das mãos dos articuladores: “Exceto, claro, se a coisa fugir do controle, como sempre é possível numa CPMI.”
Diante disso, vozes críticas ao governo e à cúpula do Congresso argumentam que apenas uma forte pressão da sociedade civil pode impedir que a CPMI se torne apenas um instrumento de encobrimento. Para esses grupos, o momento seria oportuno, dado o desgaste institucional do Supremo Tribunal Federal (STF) após as sanções impostas pela chamada Lei Magnitsky, aplicada por autoridades norte-americanas a figuras do Judiciário brasileiro.
O enfraquecimento simbólico do STF, segundo esses setores, pode abrir espaço para maior fiscalização sobre o Executivo e suas bases de apoio, inclusive o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Resta saber se a CPMI cumprirá seu papel investigativo ou se será mais um capítulo do jogo de acomodação política em Brasília.