Morre um dos maiores jornalistas da história do Brasil

Morreu na madrugada deste sábado (2), aos 82 anos, o jornalista José Roberto Guzzo, conhecido como J.R. Guzzo, um dos nomes mais brilhantes e influentes da história da imprensa brasileira. Ele faleceu em São Paulo, e o enterro será realizado no Cemitério de Congonhas.

Com uma carreira marcada pela excelência editorial e um olhar agudo sobre o Brasil e o mundo, Guzzo deixa um legado inestimável ao jornalismo nacional.

Dos primeiros passos à liderança da imprensa

Guzzo iniciou sua trajetória jornalística em 1961, como repórter do jornal Última Hora de São Paulo. Em 1966, passou a integrar o recém-criado Jornal da Tarde, do Grupo Estado, e logo foi designado como correspondente em Paris.

O marco de sua carreira, no entanto, foi na Editora Abril. Em 1968, foi um dos fundadores da Veja, onde começou como editor da editoria Internacional. Não demorou para ser enviado a Nova York como correspondente. De lá, cobriu momentos históricos, como a Guerra do Vietnã e a visita histórica do presidente Richard Nixon à China, em 1972 — ocasião em que foi o único jornalista brasileiro presente ao encontro entre Nixon e Mao Tsé-Tung.

A revolução na Veja e o apelido de “mão peluda”

Em 1976, aos 32 anos, Guzzo assumiu a direção da Veja, transformando radicalmente a publicação. Sob sua liderança, a revista saiu do vermelho e teve sua circulação multiplicada, atingindo quase 1 milhão de exemplares. Durante esse período, a Veja alcançou o quarto lugar entre as maiores revistas semanais de informação do mundo, atrás apenas da Time, Newsweek e Der Spiegel.

Conhecido por sua habilidade de editar com precisão cirúrgica, Guzzo ganhou nas redações o apelido de “mão peluda” — uma alusão à sua capacidade de tornar um texto pesado em algo fluido e agradável, apenas com ajustes pontuais.

A reinvenção da Exame

Em 1988, passou a acumular a direção da Veja com o comando da revista Exame, encarregado de sua reformulação. Deixou a Veja em 1991, após um ciclo de 15 anos. Após um ano sabático, voltou à ativa dedicado exclusivamente à Exame, onde atuou como diretor editorial e, mais tarde, como publisher. Durante os 11 anos à frente da publicação, transformou-a na revista mais rentável da Editora Abril, em termos proporcionais.

Um pensador crítico do Brasil contemporâneo

Nos últimos anos, J.R. Guzzo se destacou como colunista e comentarista político, com textos incisivos e análises contundentes sobre o cenário brasileiro. Seu estilo direto, elegante e de altíssima clareza o tornaram referência para leitores de todas as áreas.

Com sua morte, o jornalismo brasileiro perde não apenas um editor brilhante e repórter corajoso, mas uma mente crítica que atravessou décadas interpretando o Brasil e o mundo com inteligência, elegância e lucidez.

José Roberto Guzzo deixa esposa, filhos e um legado que permanecerá como um marco do jornalismo moderno no país.

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Bruno Rigacci

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