Revelado bastidores da reunião de Lula com ministros do STF

Diante do agravamento das tensões diplomáticas com os Estados Unidos e do impacto crescente da crise institucional em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou, na noite desta quarta-feira (30), uma reunião reservada com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no Palácio do Planalto.

O encontro, revelado por fontes do governo e confirmado por veículos da imprensa, ocorreu poucas horas após o presidente Donald Trump anunciar nova rodada de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, amparadas pela Lei Magnitsky Global, que permite punições a indivíduos acusados de violações de direitos humanos e corrupção.

Estiveram presentes os ministros do STF Luís Roberto Barroso (presidente da Corte), Cristiano Zanin e Gilmar Mendes, além do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, do advogado-geral da União, Jorge Messias, e do presidente Lula. A reunião foi descrita por um assessor presidencial, sob anonimato, como um “gesto simbólico de solidariedade institucional”.

“O presidente quis demonstrar que não aceita ingerência externa sobre a Justiça brasileira, independentemente de pressões internacionais”, disse o assessor.

Moraes telefonado por Lula e expectativa de chegada a Brasília

Segundo relatos, Lula ligou pessoalmente para Alexandre de Moraes na tarde do mesmo dia para prestar solidariedade. O ministro, que se encontrava em São Paulo, informou a aliados que viajaria a Brasília na quinta-feira (31), ampliando a expectativa por declarações públicas ou reuniões com autoridades da cúpula do Judiciário.

Fontes próximas ao governo indicam que a preocupação é dupla: de um lado, o impacto jurídico e político da sanção americana contra um membro do STF; de outro, o efeito econômico das tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, também impostas por Trump no mesmo pacote de medidas.

Reação urgente, mas tida como “atrasada”

Logo após o encontro com os ministros do Supremo, Lula se reuniu novamente com parte de sua equipe para redigir a nota oficial de resposta ao governo norte-americano, em uma nova rodada com Geraldo Alckmin (vice-presidente), Jorge Messias (AGU) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação).

Nos bastidores, contudo, a avaliação é de que o governo demorou a reagir, tanto no campo diplomático quanto no político. A ausência de um posicionamento público forte por parte do presidente até a noite de quarta-feira gerou críticas de setores empresariais e de parlamentares da oposição.

“Nitidamente, não sabem o que fazer… Agora é tarde!”, comentou um senador da base oposicionista, que preferiu não se identificar.

Clima de insegurança jurídica e instabilidade política

O momento é considerado extremamente delicado para o Palácio do Planalto. Além do desgaste internacional causado pela sanção a Alexandre de Moraes — já classificada como sem precedentes na relação Brasil-EUA — o governo enfrenta pressão crescente por parte do Congresso Nacional e de entidades representativas da indústria e do agronegócio, fortemente atingidos pelo novo tarifaço de Washington.

Especialistas alertam que a combinação entre desequilíbrio institucional interno e isolamento externo crescente pode abrir espaço para instabilidades ainda maiores, especialmente com a reabertura oficial dos trabalhos do STF e do Congresso em agosto.

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Bruno Rigacci

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