Sem nada marcado, chanceler de Lula arrisca tudo nos EUA para tentar falar com Trump antes do “tarifaço”
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, já se encontra nos Estados Unidos em meio a uma missão diplomática considerada delicada. O objetivo: tentar conter a decisão do governo norte-americano de aumentar de 10% para 50% as tarifas sobre uma série de produtos brasileiros.
Apesar da gravidade da medida, que pode afetar setores estratégicos da economia brasileira, Vieira não conseguiu até agora agendar reuniões com autoridades da Casa Branca. O governo de Donald Trump ainda não manifestou interesse em encontros oficiais com o chanceler, dificultando os esforços de negociação.
Segundo fontes diplomáticas, o Itamaraty e a Embaixada do Brasil em Washington já comunicaram formalmente às autoridades americanas a disposição do governo brasileiro para iniciar um diálogo imediato. No entanto, a resposta da administração Trump tem sido fria.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, um funcionário da Casa Branca afirmou na última sexta-feira (25) que, na visão do governo americano, o Brasil ainda não apresentou “propostas concretas” que justifiquem uma negociação.
Enquanto isso, uma comitiva formada por oito senadores brasileiros também está em missão nos EUA com o mesmo propósito, mas até o momento os resultados são considerados limitados. Os parlamentares têm enfrentado dificuldades para abrir canais com o Congresso e com setores influentes da política norte-americana.
A escalada nas tarifas foi anunciada pelo governo Trump na semana passada, sob justificativas ligadas à proteção da indústria local e ao que o presidente chamou de “competição desleal” por parte de países emergentes. A medida afeta especialmente produtos do agronegócio e da indústria de transformação brasileira, e já preocupa exportadores e representantes do setor produtivo.
Sem avanços até agora, resta à diplomacia brasileira buscar brechas para diálogo nos próximos dias. Nos bastidores, cresce a pressão sobre o governo Lula para adotar uma postura mais firme diante das sanções comerciais. Ainda não está descartada a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), caso as tentativas de negociação bilateral fracassem.
Enquanto isso, produtores brasileiros aguardam com incerteza os desdobramentos. A expectativa do Itamaraty é de que alguma sinalização positiva possa surgir até o fim da semana, mas diplomatas admitem: o cenário é de tensão e o canal com Washington parece, por ora, fechado.