Diante de clara ameaça, Bolsonaro toma decisão drástica e aguarda a resposta de Moraes

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou uma visita que faria ao Congresso Nacional nesta semana, após uma nova e direta ameaça de prisão feita pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão ocorre em meio à escalada de tensões entre o líder conservador e o Judiciário.

Na última segunda-feira (21), Moraes determinou que a defesa de Bolsonaro explicasse, no prazo de 24 horas, a divulgação de vídeos em que ele aparece fazendo declarações públicas — cenas veiculadas pela imprensa após sua ida à Câmara dos Deputados. O ministro entendeu que a exposição poderia configurar violação à medida cautelar que proíbe o ex-presidente de usar redes sociais. Em tom firme, Moraes alertou que uma das consequências poderia ser a decretação de prisão preventiva.

Em resposta, os advogados de Bolsonaro, Celso Vilardi e Paulo Amador da Cunha Bueno, comunicaram ao STF que ele não fará mais manifestações públicas até que a Corte esclareça com precisão os limites das restrições impostas:

“Em sinal de respeito absoluto à decisão da Suprema Corte, o embargante não fará qualquer manifestação até que haja o esclarecimento apontado nos presentes embargos”, escreveram os defensores no documento.

Recuo estratégico

A decisão de cancelar a ida ao Congresso foi interpretada nos bastidores como um movimento de contenção de danos. Bolsonaro, que vinha tentando transformar as restrições — como o uso da tornozeleira eletrônica — em narrativa política, agora adota um perfil mais cauteloso, diante do risco real de prisão.

Nesta quarta-feira (23), o ex-presidente deixou sua casa e foi até a sede do Partido Liberal (PL), em Brasília. Ao descer do carro, foi abordado por jornalistas, mas limitou-se a dizer:

“Vocês sabem que eu não posso falar.”

Clima de incerteza

Bolsonaro e sua equipe aguardam agora um posicionamento oficial de Moraes sobre o alcance das medidas cautelares. Um dos principais pontos de conflito gira em torno da interpretação da proibição de uso de redes sociais: se ela se aplica exclusivamente a postagens feitas por Bolsonaro ou também a manifestações suas captadas por terceiros e divulgadas publicamente.

A defesa sustenta que o ex-presidente não violou as restrições, já que não foi ele quem publicou os vídeos, e que a mera veiculação de imagens por veículos de imprensa ou apoiadores não configura descumprimento.

Repercussão

A nova ameaça de prisão preventiva gerou forte reação de aliados de Bolsonaro e juristas. Críticos apontam um possível excesso na interpretação das medidas, enquanto defensores da Corte afirmam que Moraes está apenas aplicando os instrumentos legais para preservar o processo penal em curso.

No Congresso, parlamentares do PL e de outros partidos de oposição manifestaram preocupação com o que classificam como “judicialização da política” e cerceamento de liberdade de expressão.

A expectativa agora gira em torno da decisão de Alexandre de Moraes nas próximas horas: se acatará as explicações da defesa ou se avançará com a ameaça de prisão.

Enquanto isso, Bolsonaro segue em silêncio — uma postura rara em sua trajetória política.

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Bruno Rigacci

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