PF faz escancarada ameaça contra Bolsonaro
A relação entre a Polícia Federal (PF) e o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a escalar em tensão após declarações do ex-chefe do Executivo sobre a operação realizada na última sexta-feira (18), em Brasília. Em entrevista à imprensa, Bolsonaro sugeriu que um agente teria plantado um pendrive em sua residência durante as buscas, o que gerou forte reação interna na corporação.
Segundo informações de bastidores divulgadas pela imprensa, membros da alta cúpula da PF consideraram a insinuação uma afronta direta à integridade da operação e à credibilidade da instituição. Um delegado, sob condição de anonimato, foi direto ao comentar a possibilidade de novas declarações similares:
“Se falarem mais uma vez que plantamos pendrive, vamos divulgar os vídeos inteiros da busca.”
A ameaça de divulgação dos registros em vídeo faz parte de uma tentativa da corporação de rebater publicamente qualquer narrativa que coloque em dúvida a lisura do trabalho realizado.
Bolsonaro: “A gente fica preocupado”
A declaração de Bolsonaro que provocou a reação da PF foi feita no próprio dia da operação. Segundo o ex-presidente:
“Uma pessoa pediu para usar o banheiro e, quando voltou, estava com o pen drive na mão. Eu nunca abri um pen drive na minha vida. Eu nem tenho laptop em casa para mexer com isso. A gente fica preocupado.”
A fala foi interpretada como uma acusação velada de manipulação ou forjamento de provas por parte dos agentes.
Conteúdo do pendrive é considerado irrelevante
Em meio à polêmica, a PF divulgou nesta segunda-feira (21) que o conteúdo do dispositivo apreendido não tem qualquer relação com os fatos investigados. De acordo com laudo do Instituto Nacional de Criminalística, o pendrive continha apenas arquivos de mídia — músicas e vídeos — sem relevância para o inquérito.
Com isso, os investigadores redirecionaram o foco para o telefone celular de Bolsonaro, também apreendido durante a operação e que segue em processo de perícia.
Crise de confiança e embate institucional
O episódio representa mais um capítulo da deterioração da relação entre o ex-presidente e instituições responsáveis pela condução de investigações em curso. A insinuação de Bolsonaro alimenta a polarização política e levanta preocupações quanto à confiança pública nas forças de investigação.
A Polícia Federal, por sua vez, sinaliza que não aceitará ataques à sua atuação sem resposta — e pode, se necessário, trazer à tona imagens que possam comprovar a legalidade e a integridade de sua ação.