Ministros do STF ficam revoltados com fala de Tarcísio sobre “eleições livres”

Uma manifestação pública do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, provocou forte reação entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A nota, divulgada nas redes sociais na última sexta-feira (18), teve um trecho em especial que acendeu o sinal de alerta entre integrantes da Corte: a defesa de “eleições livres, justas e competitivas”.

A frase, segundo relatos de bastidores, foi interpretada por ministros como uma sutil legitimação do discurso bolsonarista, que há anos levanta suspeitas infundadas sobre a integridade do sistema eleitoral brasileiro. A avaliação interna no STF é de que a fala ecoa a retórica utilizada por Bolsonaro e seus aliados para alegar perseguição política e questionar o processo democrático.

“Não haverá paz social sem paz política, sem visão de longo prazo, sem eleições livres, justas e competitivas. A sucessão de erros que estamos vendo acontecer afasta o Brasil do seu caminho”, escreveu Tarcísio em nota.

Embora seja considerado um político de perfil técnico e moderado, e tenha se destacado como interlocutor entre Bolsonaro e o Judiciário, Tarcísio causou “decepção” e “perplexidade” entre ministros que esperavam dele uma postura mais conciliadora no atual momento de tensão institucional.

O desconforto foi agravado pelo momento em que a declaração foi feita: dias após o ministro Alexandre de Moraes determinar o uso de tornozeleira eletrônica por Jair Bolsonaro, decisão chancelada por unanimidade pela Primeira Turma do STF. A manifestação do governador, portanto, foi lida como um gesto de solidariedade política que tensiona ainda mais a relação entre Executivo e Judiciário.

Ministros ouvidos sob reserva afirmaram que Tarcísio “cruzou uma linha” ao endossar, mesmo que indiretamente, a tese de que o Brasil não vive um ambiente eleitoral plenamente democrático — uma insinuação considerada injusta e perigosa para a estabilidade institucional.

Até o momento, Tarcísio não comentou as reações do STF. Nos bastidores, aliados defendem que o governador apenas buscou reafirmar seu compromisso com a democracia e a estabilidade do país, tentando equilibrar a pressão de sua base bolsonarista com sua imagem de gestor responsável.

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Bruno Rigacci

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