Forte e imediata reação contra decisão absurda de Hugo Motta

A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de proibir reuniões de comissões durante o recesso parlamentar provocou forte reação da oposição nesta terça-feira (22). O despacho, publicado no Diário Oficial da Câmara, determina a suspensão das atividades legislativas até o retorno oficial dos trabalhos em agosto — o que, na prática, impede sessões estratégicas já articuladas por parlamentares contrários ao governo Lula.

Deputados da oposição classificaram a medida como “ilegal”, “antirregimental” e até como uma forma de censura política.

Sóstenes: “Casa do povo está amordaçada”

Em coletiva de imprensa, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), foi direto:

“A única decisão que deveríamos nos submeter era pelo presidente em exercício [Elmar Nascimento], então essa decisão do presidente Hugo Motta, quero deixar claro, ela é antirregimental e ilegal.”

O parlamentar ainda afirmou sentir-se “amordaçado numa Casa que deveria ser do povo”, e fez um paralelo entre a medida e o que chamou de “censura institucionalizada” por decisões recentes do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Oposição via articulações travadas

A decisão de Hugo Motta inviabiliza reuniões que estavam sendo articuladas pela oposição durante o chamado “recesso branco” — período em que o Congresso não entra oficialmente em recesso por ainda não ter votado a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Durante esse intervalo, reuniões de comissões podem ser realizadas por iniciativa dos próprios presidentes das comissões.

Entre os temas que a oposição buscava avançar estavam projetos como a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, além de propostas que limitam os poderes do STF e criam novas regras para impeachment de ministros da Corte.

A deputada Caroline De Toni (PL-SC), uma das vozes mais ativas do movimento, havia protocolado na segunda-feira (21) um requerimento para realização de sessão extraordinária ainda durante o recesso. Em declaração à imprensa, ela criticou duramente a decisão da presidência da Câmara:

“O Parlamento precisa reagir à escalada autoritária que estamos presenciando. A anistia é um passo necessário para restaurar a justiça e reafirmar o direito à liberdade política no Brasil.”

Crise entre os Poderes se agrava

O movimento ocorre em meio a um cenário de tensão crescente entre o Legislativo e o Judiciário. Na última sexta-feira (18), o ministro Alexandre de Moraes determinou o uso de tornozeleira eletrônica para o ex-presidente Jair Bolsonaro, além de proibir que ele use redes sociais e conceda entrevistas.

A decisão repercutiu fortemente no Congresso. Lideranças do PL, como Sóstenes Cavalcante e o senador Carlos Portinho (RJ), convocaram reuniões emergenciais para discutir estratégias políticas e legislativas de reação às ações do STF.

Câmara dividida e pressão crescente

O ato de Hugo Motta, que ocupa a presidência da Câmara durante o recesso, intensifica o já tenso embate entre os Poderes e revela uma divisão interna no Parlamento. Enquanto a base governista tenta manter a temperatura baixa durante o recesso, a oposição vê na paralisação das comissões uma tentativa de silenciar pautas que desagradam ao Executivo e ao Judiciário.

Nos bastidores, parlamentares não descartam recorrer à Justiça ou ao próprio regimento da Câmara para reverter o despacho.

O embate promete se aprofundar nas próximas semanas — e pode antecipar o tom político que marcará o segundo semestre legislativo de 2025.

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Bruno Rigacci

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