Depois de passar vergonha com pendrive, PF agora volta atenção para outro objeto apreendido
A Polícia Federal concluiu a perícia no pendrive apreendido na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e determinou que o dispositivo possui poucos dados relevantes para as investigações. O foco da apuração agora se volta para o celular do ex-mandatário, considerado mais promissor em termos de conteúdo e provas.
O pendrive foi encontrado durante a operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas segundo fontes próximas ao inquérito, os arquivos armazenados no dispositivo são “escassos e de baixo interesse investigativo”. Por isso, os agentes passaram a concentrar seus esforços no telefone de Bolsonaro, que pode conter comunicações estratégicas, documentos e registros de conversas com aliados e diplomatas.
Análise técnica
O celular foi submetido a perícia técnica no Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília, na última sexta-feira (18), em um procedimento que durou cerca de cinco horas. A análise seguiu todos os protocolos de cadeia de custódia e segurança digital. O conteúdo extraído do aparelho está sendo processado e cruzado com outras evidências já obtidas pela PF.
Acusações e contexto
No despacho que autorizou a quebra do sigilo do celular, Moraes escreveu que Bolsonaro estaria agindo “dolosa e conscientemente de forma ilícita”, em articulação com o filho Eduardo Bolsonaro, com a intenção de submeter o funcionamento do STF à influência de um Estado estrangeiro — referência velada aos contatos com autoridades americanas.
A investigação é parte de um inquérito mais amplo que apura uma possível tentativa de golpe de Estado e interferência institucional após as eleições de 2022.
Medidas cautelares impostas a Bolsonaro
Além da apreensão dos dispositivos, Jair Bolsonaro está submetido a uma série de medidas restritivas, entre elas:
Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica
Proibição de uso de redes sociais
Impedimento de contato com diplomatas, embaixadores e investigados
Recolhimento domiciliar noturno durante a semana
Recolhimento integral aos fins de semana
Próximos passos
A expectativa é de que os resultados da análise do celular orientem os próximos desdobramentos da investigação, podendo levar a novas diligências, oitivas e até mesmo novas denúncias. A defesa do ex-presidente sustenta que não há ilegalidade nas ações de Bolsonaro e afirma que irá contestar as medidas no STF.
Enquanto isso, o caso continua a alimentar tensões políticas entre Judiciário e setores conservadores, com manifestações públicas de apoio ao ex-presidente e críticas às decisões judiciais.
