Moro e Deltan mostram o quão absurda é a decisão de Moraes contra Bolsonaro
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) se manifestaram nesta sexta-feira (18) sobre as recentes medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ambos criticaram o que consideram uma restrição desproporcional à liberdade de expressão do ex-mandatário.
Moro, ex-juiz da Operação Lava Jato e responsável pela condenação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em primeira instância, afirmou que o petista “nunca foi impedido de se comunicar” mesmo durante o auge dos processos judiciais. “Lula nunca sofreu restrições em sua liberdade de se comunicar ou de se manifestar publicamente antes do seu julgamento. É um precedente perigoso fazer isso com o ex-presidente Bolsonaro ou contra qualquer acusado”, publicou o senador em sua conta nas redes sociais.
Apesar das críticas, Moro também aproveitou a postagem para reafirmar sua oposição às tarifas recentemente impostas ao Brasil por países estrangeiros, classificando-as como “injustas e arbitrárias”.
Dallagnol: “Nem preso, Lula foi impedido de falar”
Deltan Dallagnol, que liderou a força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal, foi ainda mais incisivo. Ele comparou as condições enfrentadas por Lula após sua condenação e prisão com as medidas determinadas contra Bolsonaro — que incluem, segundo apuração, a proibição de uso de redes sociais e de comunicação pública.
“Durante a Lava Jato, Lula nunca foi impedido de usar redes sociais, dar entrevistas e se comunicar com quem quisesse, falar o que quisesse, e denunciar o processo para quem ele quisesse. Nem depois de condenado, preso e cumprindo pena na Polícia Federal em Curitiba Lula foi impedido de usar redes sociais e dar entrevistas”, escreveu Dallagnol.
O ex-procurador ainda apontou o que chamou de contradição institucional: “Mas hoje, Moraes impede Jair Bolsonaro de usar redes sociais, tolhendo sua liberdade de expressão presente e futura. Censura pura e simples, mas Barroso jurou em sua cartinha para Trump que no Brasil não tem censura e que o STF respeita a liberdade de expressão”, ironizou.
Contexto das medidas
As críticas surgem após o ministro Alexandre de Moraes, relator de inquéritos que investigam Bolsonaro por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, impor novas medidas cautelares. As determinações incluem limitações ao uso de redes sociais e possíveis restrições em sua interlocução política e pública — medidas que aliados do ex-presidente consideram excessivas.
Procurado, o STF ainda não comentou oficialmente as declarações dos ex-integrantes da Lava Jato. Juristas ouvidos por veículos da grande imprensa avaliam que medidas de restrição à comunicação são incomuns, mas não inéditas, e costumam ser justificadas com base na prevenção de riscos à ordem pública ou à instrução processual.
A controvérsia reacende o debate sobre os limites entre liberdade de expressão e responsabilidades legais, especialmente em um cenário de alta polarização política no país.