Moraes jogou 383 votos “no lixo”

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a retomada da eficácia do decreto do governo federal que aumentou a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A decisão suspende os efeitos do decreto legislativo aprovado pelo Congresso Nacional no mês passado, que havia barrado o aumento do imposto.

Com a medida, a decisão original do Executivo volta a valer, contrariando a vontade expressa da maioria dos parlamentares — foram 383 votos favoráveis à revogação do aumento na Câmara dos Deputados, além da aprovação no Senado.

A decisão gerou forte reação entre parlamentares, sobretudo da oposição. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) usou as redes sociais para criticar o ministro e questionar o equilíbrio entre os poderes:

“383 votos jogados no lixo pelo Moraes. Do que adianta ter a maioria na Câmara, se não temos maioria no STF?”, escreveu o deputado no X (antigo Twitter), ecoando a insatisfação de parte do Legislativo com o protagonismo crescente do Judiciário.

Entenda o impasse

O decreto do governo, editado ainda no início do ano, previa o aumento temporário da alíquota do IOF sobre operações de crédito, como parte da estratégia de ajuste fiscal. Parlamentares alegaram que a medida prejudica trabalhadores e empresários, especialmente em um cenário de desaceleração econômica.

Em resposta, o Congresso aprovou um decreto legislativo, instrumento constitucional que permite sustar atos do Executivo que extrapolem sua competência. A decisão, no entanto, foi judicializada, e o ministro Alexandre de Moraes entendeu que o Congresso não poderia anular um decreto com força de lei que trata de matéria tributária sem seguir o devido processo legislativo ordinário.

Reações e tensão entre os Poderes

A decisão do STF reacende o debate sobre os limites entre os poderes e o alcance das decisões do Judiciário. Parlamentares de oposição afirmam que o Supremo tem invadido competências do Legislativo e enfraquecido a representatividade popular.

Do lado do governo, a decisão é vista como uma vitória fiscal, que ajuda a manter receitas necessárias para o cumprimento das metas de equilíbrio das contas públicas.

A OAB, entidades empresariais e movimentos da sociedade civil ainda não se pronunciaram oficialmente sobre a decisão, mas a tendência é de que o tema continue gerando debate nos próximos dias, em meio à tensão crescente entre Congresso e Supremo.

O caso ainda pode ser levado ao plenário do STF, mas por ora, o aumento do IOF volta a valer.

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Bruno Rigacci

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