Bolsonaro responde a carta de Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou nesta quinta-feira (17) uma carta enviada diretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na qual manifesta solidariedade e repúdio ao processo judicial enfrentado por Bolsonaro no Brasil. A carta é mais um sinal do alinhamento político entre os dois líderes conservadores, frequentemente associados por suas agendas nacionalistas e retórica antiestablishment.
“Você foi um líder altamente respeitado e forte, que serviu bem ao seu país”, escreveu Trump, segundo o documento divulgado por sua equipe de comunicação. Ele também expressou indignação com o julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), que acusa Bolsonaro de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Bolsonaro responde com vídeo: “Querem me alijar do processo político”
Pouco após a divulgação da carta, Bolsonaro gravou um vídeo de agradecimento a Trump, compartilhado em suas redes sociais. Nele, reafirmou sua inocência e classificou o processo como uma tentativa de afastá-lo da vida pública:
“Estou sendo julgado por um golpe de Estado dado num domingo, sem tropa, sem armas, com a minha presença nos Estados Unidos. Algo completamente incrível. Um crime inexistente”, declarou.
“Querem, na verdade, me alijar do processo político. Não têm argumentos, por isso recorrem à perseguição judicial”, completou.
Conexão internacional e clima de embate institucional
A carta de Trump — atual presidente dos EUA em seu segundo mandato — representa um gesto raro de apoio explícito de um chefe de Estado estrangeiro a um político julgado por suposta subversão da ordem constitucional em outro país. O gesto pode acirrar ainda mais as tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, além de ter implicações políticas internas significativas.
Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, mas segue réu em uma ação penal no STF que o acusa de incentivar atos antidemocráticos e de tentar invalidar o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O que esperar
A troca de mensagens entre Trump e Bolsonaro reforça a narrativa de perseguição política adotada pelo ex-presidente brasileiro e pode energizar sua base — especialmente os setores mais ligados ao conservadorismo cristão e ao antipetismo. Ao mesmo tempo, aumenta a polarização entre os Poderes da República e reforça a percepção de que o caso tem repercussões que ultrapassam as fronteiras nacionais.
Enquanto isso, o STF mantém o andamento do processo, e a defesa de Bolsonaro deve usar as palavras de Trump como parte da estratégia de comunicação para reforçar o discurso de vitimização e cerceamento político.