Bolsonaro faz uso da palavra na tribuna do Senado e proporciona momento de grande emoção
Em um evento carregado de simbolismo religioso e político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta quinta-feira (17) de uma sessão especial no Senado Federal em homenagem ao pastor Gedelti Gueiros, fundador da Igreja Cristã Maranata. A cerimônia foi presidida pelo senador Magno Malta (PL-ES), aliado histórico de Bolsonaro e autor do requerimento da homenagem.
Visivelmente emocionado, Bolsonaro subiu à tribuna e fez um discurso que mesclou fé, crítica política e mensagens sobre o futuro do Brasil. Embora católico, o ex-presidente tem se mantido próximo do eleitorado evangélico, que continua sendo uma de suas principais bases de apoio.
“Acredito em Deus. Peço orações a vocês”, disse Bolsonaro, arrancando aplausos e manifestações de apoio dos presentes.
Críticas veladas e apelo ao “óbvio”
Sem citar nomes diretamente, Bolsonaro disparou críticas contra setores do poder que, segundo ele, travam o desenvolvimento do país:
“Falta quase nada, mas alguns poucos nos atrapalham. O óbvio está na frente de todos”, afirmou.
“Algumas pessoas poderosas desta nação, inclusive desta Casa [o Senado], quando se conscientizarem do óbvio — de que um dia tudo passa —, vão mudar. Já falei diversas vezes o que falta para sermos a terra prometida do Ocidente.”
A fala, marcada por um tom religioso, reforçou o discurso que o ex-presidente tem adotado desde que deixou o Planalto, voltando-se ainda mais à linguagem de fé e à crítica contra o que chama de “sistema”.
Reunião com aliados e críticas ao governo Lula
Antes da cerimônia, Bolsonaro esteve no gabinete de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), onde se encontrou com aliados. Lá, voltou a criticar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ação penal de que é réu por tentativa de golpe de Estado — processo que corre no Supremo Tribunal Federal.
Evangélicos seguem como base sólida
A presença de Bolsonaro na homenagem a Gedelti Gueiros reforça a estratégia de aproximação com os evangélicos, segmento que tem garantido forte apoio ao ex-presidente desde sua primeira campanha em 2018. O gesto é interpretado como parte do reposicionamento político de Bolsonaro de olho nas eleições municipais de 2026 e, possivelmente, em uma nova tentativa presidencial, caso consiga reverter sua inelegibilidade.
Pastor Gedelti Gueiros, homenageado na sessão, faleceu em 2021 e é lembrado por sua atuação à frente da Igreja Cristã Maranata, uma das principais denominações evangélicas do país.
Com a emoção no discurso e os aplausos no plenário, Bolsonaro mais uma vez demonstrou que, mesmo fora do poder, mantém influência e articulação junto a setores religiosos e conservadores, mirando um possível retorno à cena institucional com força.