A gastança continua: Lula abre licitação milionária para comunicação digital
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) abriu uma nova licitação para a contratação de três agências de publicidade que ficarão responsáveis pelo gerenciamento da comunicação do governo federal. O valor previsto para o contrato, com duração inicial de 12 meses, é de R$ 98,3 milhões — com possibilidade de prorrogação. A medida tem gerado forte reação de críticos do governo, que enxergam na iniciativa um possível retorno aos padrões de favorecimento que marcaram escândalos anteriores.
A nova licitação substitui um processo anterior, no valor de R$ 197,7 milhões, suspenso em junho de 2024 pelo Tribunal de Contas da União (TCU). À época, a Corte identificou indícios de irregularidades, incluindo suposto vazamento de propostas das empresas participantes, o que teria comprometido a lisura da disputa. Em agosto, o governo revogou oficialmente o processo.
Apesar da redução no montante, a iniciativa reacendeu críticas e desconfianças, especialmente entre opositores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Parlamentares da direita acusam o governo de utilizar a verba pública para fins políticos e para privilegiar aliados.
Críticas e desconfiança
Líderes da oposição afirmam que o novo edital pode estar maquiando a mesma estratégia anterior de direcionamento e uso indevido de recursos públicos. O tom adotado por críticos tem sido duro: denúncias de “farra com dinheiro público”, “retorno da velha máquina petista” e até referências à era de escândalos como o Mensalão e a Lava Jato voltaram a circular nas redes sociais.
“A farra de Lula e apaniguados está crescendo assustadoramente”, afirmou um deputado federal oposicionista. “Tudo indica que os velhos tempos de farta distribuição de propina estão de volta, com ainda mais força.”
A Secom, por sua vez, defende a licitação como necessária para garantir a eficiência e a qualidade da comunicação institucional do governo, dentro dos parâmetros legais e com ampla concorrência pública. Segundo a pasta, o novo edital foi reformulado para atender às determinações do TCU e reforçar os mecanismos de controle e transparência.
O que está em jogo
A contratação das agências é estratégica para o governo, que tem investido fortemente em comunicação digital, publicidade institucional e campanhas de interesse público. No entanto, em um ambiente político polarizado e com a popularidade do governo sob pressão, qualquer movimentação financeira dessa magnitude gera suspeitas imediatas.
A oposição promete acompanhar de perto o andamento do processo e já cogita acionar o TCU novamente caso surjam sinais de irregularidade. Para setores críticos, o valor menor não elimina o risco de direcionamento político e favorecimento de empresas alinhadas com o Planalto.
Enquanto isso, o Planalto busca demonstrar normalidade administrativa e tenta blindar a nova licitação de novas contestações — ciente de que, mesmo antes da contratação, a disputa já está politicamente contaminada.