Antes da carta enviada a Lula, Trump acompanhou de perto a cúpula do Brics

A relação entre Brasil e Estados Unidos sofreu um novo abalo nesta semana após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, em um gesto que combina pressão econômica e sinalização política. Antes de oficializar a medida, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticando duramente a postura do governo brasileiro em relação à cúpula do Brics e expressando apoio direto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, Trump “está monitorando de perto” a reunião do Brics realizada no Brasil e considera o bloco uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos. “O presidente está monitorando [a reunião] de perto. É por isso que ele mesmo fez uma declaração”, afirmou Leavitt.

Para o governo americano, o Brics – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos países-membros como Irã e Egito – tem se posicionado de forma a “minar os interesses dos Estados Unidos”. Trump, de acordo com a porta-voz, considera essa movimentação “inaceitável”.

O gesto mais forte veio com o anúncio da nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o que afetará especialmente setores como o agronegócio e o aço. A medida foi vista por analistas internacionais como um recado direto ao governo Lula, e um aceno político ao campo conservador brasileiro, particularmente aos apoiadores de Bolsonaro.

Em paralelo, Trump também manifestou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta investigações no Brasil e vem denunciando o que considera perseguição judicial. A movimentação de Trump ocorre em meio a um aumento nas críticas internacionais ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, acusado por aliados de Bolsonaro de atuar de forma politicamente motivada.

A tensão diplomática pode afetar não apenas o comércio entre os dois países, mas também a estabilidade das relações geopolíticas na América Latina, onde os EUA têm buscado conter a influência de potências como China e Rússia – principais aliados estratégicos dentro do Brics.

Até o momento, o governo Lula não respondeu oficialmente à carta de Trump nem à imposição tarifária. Assessores do Planalto afirmaram, sob reserva, que uma resposta institucional está sendo preparada e que o Itamaraty está avaliando os impactos comerciais e diplomáticos da medida.

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Bruno Rigacci

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