PGR é impactada por carta de senador dos EUA mostrando o que pode acontecer
A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu em fevereiro deste ano uma carta do senador norte-americano Shane David Jett, aliado direto do ex-presidente Donald Trump, com forte teor político e diplomático. O parlamentar solicitou ao procurador-geral Paulo Gonet esclarecimentos formais sobre a atuação do Ministério Público Federal diante de denúncias de supostas ilegalidades envolvendo investigações em curso no Brasil.
Mais que um simples pedido, a carta incluiu uma advertência direta: em caso de omissões ou falta de transparência, o governo dos Estados Unidos poderia considerar a aplicação de sanções contra autoridades brasileiras.
“A atuação de órgãos investigativos deve respeitar garantias universais e não se converter em instrumento de repressão ideológica. Caso contrário, serão tomadas medidas cabíveis por instâncias internacionais e legislativas norte-americanas”, teria afirmado Jett no texto, segundo fontes com acesso ao documento.
Escalada diplomática após críticas de Trump ao Judiciário brasileiro
O conteúdo da carta, que inicialmente circulou de forma discreta, voltou à tona nos bastidores da PGR esta semana, após Trump aumentar o tom das críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo Lula, além de anunciar tarifas comerciais de 50% contra produtos brasileiros, em vigor a partir de 1º de agosto.
A ofensiva do republicano, que antes parecia focada em Alexandre de Moraes, agora mira outros agentes do Estado brasileiro — incluindo membros do Ministério Público e da Polícia Federal — acusados de “dar sustentação” a decisões consideradas antidemocráticas por aliados de Trump.
Possível ampliação de sanções
Fontes ligadas à Casa Branca afirmaram sob condição de anonimato que o escopo das sanções está em análise e poderá ser ampliado já na primeira rodada, dependendo da resposta (ou da ausência dela) por parte das autoridades brasileiras.
A medida, se confirmada, poderá incluir:
Restrições de visto a magistrados, procuradores e investigadores envolvidos em determinados inquéritos;
Congelamento de bens e ativos nos EUA;
Proibição de transações com entidades americanas.
Ainda não há confirmação oficial por parte do Departamento de Estado, mas o clima em Brasília é de alerta — e de crescente pressão sobre a PGR para se posicionar diante da carta.
Reação institucional e cautela no Planalto
Até o momento, o procurador-geral Paulo Gonet não comentou publicamente o conteúdo da correspondência, mas interlocutores afirmam que a PGR está tratando o tema com extrema cautela, especialmente pela gravidade de um parlamentar estrangeiro tentar intervir nas decisões de um órgão autônomo do sistema de Justiça brasileiro.
Já no Palácio do Planalto, o entendimento é que a carta faz parte de uma estratégia política internacional do trumpismo para criar um “ambiente de cerco” contra o governo Lula e o Judiciário brasileiro — e poderá ter impacto direto nas relações diplomáticas entre os países, especialmente se Trump voltar ao poder.
“Vai ter muita gente em Brasília perdendo o sono”, afirmou um assessor de alto escalão sob reserva, em referência ao temor de sanções pessoais.
Cenário imprevisível
O episódio adiciona um novo componente à já complexa crise entre os poderes no Brasil, agora com interferência externa e ameaças de retaliação diplomática. A PGR, o STF e o Itamaraty terão de calibrar com precisão sua resposta — sob pena de verem a soberania jurídica do país colocada à prova em escala global.