URGENTE: Justiça dos EUA volta a intimar Alexandre de Moraes
O Tribunal do Distrito Médio da Flórida deu andamento a uma ação judicial que pode provocar fortes repercussões diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos. Nesta segunda-feira (7), a corte norte-americana voltou a intimar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito de um processo movido pelas empresas Trump Media & Technology Group, ligada ao presidente americano Donald Trump, e pela plataforma Rumble, conhecida por seu discurso em defesa da liberdade de expressão.
A ação alega que Moraes teria violado direitos constitucionais norte-americanos, ao ordenar o bloqueio de contas e conteúdos de cidadãos e plataformas conservadoras — incluindo influenciadores brasileiros e exilados como Allan dos Santos, atualmente residindo nos EUA.
Liberdade de expressão como eixo central do processo
Na petição, os advogados das empresas argumentam que decisões de Moraes têm extrapolado os limites da soberania brasileira ao atingirem servidores, usuários e conteúdos hospedados em território americano, o que configuraria censura transnacional. O processo pede à Justiça que qualquer ordem do ministro brasileiro seja considerada inaplicável em solo norte-americano.
“As ações do réu violam diretamente a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, ao censurar vozes dissidentes e opositoras por motivações políticas”, diz um trecho da queixa.
O tribunal deu a Moraes o prazo legal de 21 dias para responder formalmente, contestar as acusações ou solicitar o arquivamento. Caso não o faça, poderá ser proferida sentença à revelia, com a aceitação automática dos pedidos das empresas.
“Caso não responda, será proferida sentença à revelia contra você, com base na reparação exigida na queixa”, determinou a corte americana.
AGU prepara resposta: Brasil deve intervir
A Advocacia-Geral da União (AGU) já foi acionada e confirmou que está preparando documentação para intervir no processo, representando oficialmente os interesses do Estado brasileiro e a legalidade das decisões do STF. A iniciativa indica que o caso poderá ultrapassar os limites do debate jurídico, entrando no campo da política externa sensível.
Segundo interlocutores do governo, há preocupação com os efeitos diplomáticos de uma possível sentença contrária a Moraes, especialmente em um momento em que as relações entre os governos Lula e Trump estão sob tensão crescente — impulsionada por recentes declarações do presidente americano em defesa de Jair Bolsonaro.
Impactos geopolíticos e jurídicos
Analistas internacionais apontam que o processo é incomum e delicado, por envolver um membro ativo do Judiciário de outro país. Embora não haja previsão legal para que a Justiça americana invalide atos de um ministro do STF no Brasil, uma decisão simbólica contra Moraes poderia gerar efeitos práticos nos servidores de empresas como Rumble, X (ex-Twitter) e outras que operam sob jurisdição dos EUA.
O caso também reacende o debate sobre jurisdição internacional da internet, soberania digital e liberdade de expressão em tempos de polarização política global.
Contexto político: bolsonarismo, Trumpismo e liberdade digital
Filiado ao bolsonarismo ideológico e próximo de nomes como Steve Bannon, o jornalista Allan dos Santos tornou-se um símbolo da disputa entre liberdade de expressão e responsabilização por discurso de ódio. Ele foi alvo de mandados judiciais por suposta participação em redes de desinformação, mas se exilou nos EUA e ganhou apoio de plataformas conservadoras.
O movimento judicial liderado por Trump Media & Technology Group reflete uma tentativa mais ampla de confrontar decisões judiciais brasileiras por meio do sistema legal norte-americano, usando a Primeira Emenda como escudo.
Cenário em aberto
O caso segue em curso, e os próximos passos dependerão da resposta (ou ausência dela) por parte de Alexandre de Moraes. Uma eventual sentença simbólica contrária ao ministro — mesmo sem efeitos práticos diretos — pode ser explorada politicamente por setores da direita brasileira e usada como combustível para reforçar narrativas de perseguição e censura.
Ao mesmo tempo, uma ação do governo brasileiro em defesa de Moraes pode ser interpretada como tentativa de conter uma crise diplomática maior, mas também será alvo de críticas por parte da oposição, que acusa o STF de atuar com motivações políticas.