Moraes reage e ataca Eduardo: Tenta “interferir e embaraçar” ação contra Jair Bolsonaro
Os efeitos das recentes manifestações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em defesa de Jair Bolsonaro parecem já estar sendo sentidos no Judiciário brasileiro. Em despacho divulgado nesta terça-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estaria interferindo no processo penal que envolve seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu na Ação Penal 2.668/DF.
Segundo Moraes, Eduardo Bolsonaro continua a “adotar medidas para interferir e embaraçar” o andamento do processo. A acusação se baseia em uma postagem feita em 29 de junho, durante o ato político na Avenida Paulista, em que Eduardo compartilhou um vídeo do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) falando em inglês e criticando abertamente as investigações contra Bolsonaro, com a mensagem: “para todos lá fora que estão nos escutando”.
“O investigado permanece praticando condutas com o objetivo de interferir e embaraçar o regular andamento da Ação Penal 2.668/DF, que já se encontra em fase de apresentação de alegações finais pelas partes”, escreveu Moraes.
Conexão internacional: mira na direita global
A menção explícita a um vídeo em inglês direcionado a uma audiência internacional sugere, na visão do STF, um esforço coordenado para influenciar o julgamento com pressão externa — algo que se alinha diretamente às recentes declarações de Donald Trump em apoio a Bolsonaro.
Nos últimos dias, Trump publicou no Truth Social dois recados contundentes:
“Leave Bolsonaro alone!” (“Deixem Bolsonaro em paz!”)
“Deixem o grande ex-presidente do Brasil em paz. Caça às bruxas!!!”
A retórica, já conhecida nos EUA como parte do discurso de autodefesa de Trump, está sendo agora usada como narrativa de resistência judicial pela base bolsonarista. A postagem de Eduardo, segundo Moraes, seria parte dessa estratégia de mobilização internacional para enfraquecer a legitimidade da Justiça brasileira.
Reação política: acusação de “mirabolismo”
Aliados de Eduardo Bolsonaro classificaram o despacho do ministro como “mirabolante”, e afirmam que se trata de mais um episódio de perseguição política com viés autoritário. Segundo parlamentares da oposição, a simples divulgação de um vídeo com opinião crítica não configura obstrução judicial.
“Estão tentando transformar liberdade de expressão em interferência judicial. O que Moraes chama de embaraço, o mundo chama de resistência democrática”, disse um deputado bolsonarista que pediu anonimato.
Cenário institucional: tensão em espiral
O episódio reforça a escalada de tensão entre os Poderes e o risco crescente de crise institucional com ramificações internacionais. A presença da família Bolsonaro na arena global — e agora com apoio explícito do presidente dos EUA — torna cada passo do Judiciário brasileiro passível de repercussão política além das fronteiras.
Além disso, a intimação de Alexandre de Moraes pela Justiça norte-americana, em ação movida pela Trump Media e pela plataforma Rumble, aumenta a complexidade do cenário e pode servir de munição para os bolsonaristas alegarem perseguição com viés geopolítico.
Próximos passos: alegações finais e julgamento
A Ação Penal 2.668/DF, que acusa Jair Bolsonaro de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, está atualmente na fase de apresentação de alegações finais. A decisão sobre o mérito deve ser tomada ainda este ano, possivelmente antes da abertura oficial da corrida presidencial de 2026.
Até lá, manifestações públicas — tanto no Brasil quanto no exterior — continuarão sendo monitoradas de perto pelo Supremo, que vê riscos reais à estabilidade do processo.