Em poucas palavras, Nikolas mostra o único caminho capaz de suspender ação de Trump
Em meio à crise diplomática gerada pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) fez uma declaração polêmica nesta quarta-feira (9), responsabilizando diretamente o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo embate comercial.
“Pra resumir: Trump enviou uma carta dizendo que a sanção econômica se dá por conta da perseguição ao Bolsonaro e a supressão da liberdade de expressão pelo STF. Ou seja: basta Lula ter diplomacia, parar de perseguir e o STF ficar no seu lugar, que a taxa não incidirá mais no Brasil”, escreveu o parlamentar nas redes sociais.
A fala de Nikolas condensa a leitura bolsonarista da crise: a de que a retaliação comercial americana é uma resposta à “perseguição” política contra Jair Bolsonaro, atualmente réu no STF por sua suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
Crise diplomática sem precedentes
O gesto de Trump — acompanhado de uma carta oficial endereçada a Lula e publicada em sua rede Truth Social — foi interpretado por diplomatas como um ataque direto à independência das instituições brasileiras, especialmente ao Judiciário. Na carta, o presidente americano classificou o julgamento de Bolsonaro como “vergonhoso” e acusou o Brasil de atacar a liberdade de expressão.
A medida tarifária foi anunciada como consequência dessa suposta “ofensiva antidemocrática” por parte do governo e do STF, em uma movimentação que mistura política interna americana, ideologia e comércio exterior.
Resposta oficial de Lula e reação institucional
Horas após o anúncio da tarifa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou em tom duro:
“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.”
Lula também anunciou que o governo já prepara medidas retaliatórias, com base na Lei de Reciprocidade Econômica, e negou que haja qualquer perseguição a Bolsonaro. A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Itamaraty trabalham na coordenação de uma resposta jurídica e diplomática à medida americana.
Divisão no Congresso e risco de guerra comercial
A fala de Nikolas Ferreira aprofunda a divisão no Congresso sobre como o Brasil deve reagir. Enquanto parlamentares bolsonaristas defendem que o Planalto “se curve” para evitar perdas econômicas, deputados da base governista classificam essa visão como submissão externa e chantagem institucional.
“Não é o STF que está fora do lugar. É o extremismo que quer transformar crime em opinião”, disse um líder do PSB.
Análise: discurso de Nikolas ecoa estratégia eleitoral
Analistas veem a declaração de Nikolas Ferreira como parte de uma ofensiva para consolidar o discurso de perseguição política a Bolsonaro e transferir a culpa de potenciais danos econômicos ao governo Lula. A retórica também visa alimentar a base conservadora para as eleições de 2026, onde Nikolas é cotado como figura de destaque.