URGENTE: Visita de Lula à favela foi articulada com ONG ligada ao PCC
A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Janja Lula da Silva à Favela do Moinho, na região central de São Paulo, no fim de junho, transformou-se em mais um foco de polêmica para o governo federal. A agenda, apresentada oficialmente como parte de um esforço por inclusão social e habitação popular, foi intermediada por uma ONG que, segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), possui histórico de envolvimento com o crime organizado.
Documentos do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP-SP, apontam que a Associação da Comunidade do Moinho tem entre seus dirigentes parentes de Leonardo Monteiro Moja, o “Léo do Moinho” — apontado como chefe do tráfico local e preso em agosto de 2023. A presidente da ONG, Alessandra Moja Cunha, irmã de Leonardo, já foi condenada por homicídio e cumpriu pena em regime fechado. Segundo os promotores, a sede da associação chegou a ser usada como local de armazenamento de drogas.
Apesar do histórico da entidade, o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, esteve na comunidade dois dias antes da visita presidencial para acertar os detalhes do evento. Em nota, ele afirmou que o encontro teve como único propósito “apresentar a proposta habitacional do governo federal às famílias da Favela do Moinho”, negando qualquer relação com antecedentes criminais de membros da associação.
Favela sob influência do PCC, diz Ministério Público
A Favela do Moinho é considerada, pelas autoridades, um território sob forte influência do Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo investigações do Gaeco, o grupo liderado por Léo do Moinho teria implantado uma rede de atividades ilícitas na região, explorando a ausência de serviços públicos e o abandono do poder público. Relatórios do MP apontam que moradores que aceitaram propostas de realocação habitacional do governo sofreram ameaças e intimidações por parte do grupo criminoso.
O caso reacende críticas ao que opositores chamam de “diálogo indiscriminado” com atores locais, independentemente de seus antecedentes. Nas redes sociais, aliados da oposição ironizaram a visita, comparando o episódio com escândalos anteriores e apelidando a interlocução com a ONG de mais um exemplo de “diálogo cabuloso”.
A Presidência da República ainda não comentou oficialmente o histórico da entidade envolvida na agenda, mas auxiliares próximos ao presidente reforçam que a ação teve como foco a inclusão social e a regularização habitacional de uma das comunidades mais negligenciadas da capital paulista.