URGENTE: Ex-assessor que expôs absurdos de Moraes será testemunha de réu no caso do “golpe”
O ex-assessor de Assuntos Internacionais do governo Bolsonaro, Filipe Martins, que responde no STF por suposta tentativa de golpe de Estado, anunciou uma estratégia surpreendente para sua defesa: a inclusão de Eduardo Tagliaferro, ex-auxiliar direto do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como testemunha.
A escolha de Tagliaferro visa questionar a imparcialidade de Moraes, levantando suspeitas sobre interferências políticas nos inquéritos conduzidos pelo ministro.
Tagliaferro: de braço direito de Moraes a figura central de suspeita
Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação no TSE, foi indiciado em abril pela Polícia Federal por violação de sigilo funcional. O indiciamento foi motivado pelo vazamento de mensagens internas que sugerem orientações não oficiais do gabinete de Moraes sobre relatórios para embasar investigações contra apoiadores de Bolsonaro .
O material divulgado pela Folha revelou conversas em que assessores do STF e do TSE, incluindo Tagliaferro, comentavam:
“Ele quer pegar o Eduardo Bolsonaro”, e Tagliaferro respondeu: “Veja se o ministro vai gostar” .
Tese da defesa: perseguição e parcialidade
A defesa de Martins afirma que esses diálogos corroboram a tese de perseguição política por parte de Moraes, com uso seletivo da máquina judicial contra opositores.
O indiciamento de Tagliaferro pela PF se baseou em relatório que acusa o ex-assessor de vazar informações para “arranhar a imagem do ministro do STF” e prejudicar investigações .
Contexto judicial
O inquérito sobre o golpe, aberto após a Operação Contragolpe/Tempus Veritatis, investiga uma suposta tentativa de impedir a posse de Lula e Alckmin em 2022, incluindo treinamento militar e plano para eliminação de autoridades — base de acusação para figurar de Martins .
A inclusão de Tagliaferro como testemunha soma-se a outras estratégias da defesa que buscam contestar a legalidade dos procedimentos investigativos conduzidos por Moraes.
Repercussão e próximos passos
Após o indiciamento, Tagliaferro pediu, via defesa, que todo o inquérito tramite em sigilo, com o argumento de que o vazamento de mensagens coloca em risco a “segurança de integrantes dos Poderes” .
O desdobramento deste episódio será analisado no Supremo, onde cabe à Procuradoria‑Geral da República (PGR) decidir se apresenta denúncia formal contra Tagliaferro .
A inclusão de Eduardo Tagliaferro como testemunha no processo de Filipe Martins adiciona uma dimensão política ao julgamento, elevando o debate em torno da independência judicial e do uso dos instrumentos jurídicos em disputas de poder.