Na Cúpula dos Brics, Lula volta a passar vexame internacional
Durante seu discurso de abertura na Cúpula dos Brics, realizada neste domingo (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a adotar um tom crítico ao comentar o conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. Em sua fala, o chefe do Executivo brasileiro defendeu firmemente a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras anteriores a 1967 e classificou as ações de Israel como uma “matança indiscriminada de civis”.
“Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo em Gaza. Trata-se de um verdadeiro genocídio praticado por Israel contra o povo palestino”, declarou Lula, em meio a aplausos de parte dos presentes e reservas por parte de algumas delegações.
A fala reacende polêmicas anteriores envolvendo o posicionamento do presidente brasileiro em relação ao conflito no Oriente Médio. Em fevereiro deste ano, Lula já havia causado forte reação diplomática ao comparar as ações de Israel em Gaza ao Holocausto, o que levou o governo israelense a declarar o petista “persona non grata” até que se retratasse — o que não ocorreu até o momento.
Defesa da solução de dois Estados
Lula reiterou o apoio do Brasil à chamada “solução de dois Estados”, proposta que prevê a criação de um Estado palestino independente ao lado de Israel, com base nas fronteiras estabelecidas antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ele afirmou que a paz duradoura na região só será possível com o reconhecimento mútuo entre os dois povos e a garantia de direitos civis, sociais e políticos para ambos.
“A construção da paz exige coragem política, reconhecimento mútuo e respeito aos direitos humanos. Não podemos normalizar a violência contra civis”, disse o presidente.
Repercussão internacional
As declarações de Lula têm potencial para gerar nova tensão diplomática com o governo de Israel e setores alinhados à política externa israelense, especialmente em um contexto internacional delicado, com o aumento das hostilidades entre forças israelenses e grupos militantes palestinos.
Até o momento, o governo israelense não se pronunciou oficialmente sobre o novo discurso do presidente brasileiro.
A Cúpula dos Brics reúne líderes de países emergentes e tem como objetivo discutir soluções multilaterais para desafios globais. Além do Brasil, fazem parte do grupo a Rússia, Índia, China, África do Sul e mais recentemente Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.