O absurdo registro sobre as 144 viagens de Janja
A atuação da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, volta a ser alvo de críticas — desta vez por causa dos custos associados a suas viagens oficiais. Um levantamento feito pelo jornalista André Shalders e publicado pelo portal Metrópoles revela que, das 144 viagens realizadas por Janja e sua equipe, 140 tiveram as passagens aéreas compradas com menos de 15 dias de antecedência.
O dado chamou a atenção por um motivo simples: a compra de passagens de última hora é uma prática sabidamente mais cara, e a falta de planejamento contribui para o aumento das despesas públicas. O levantamento foi feito com base no Painel de Viagens do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), e inclui também os 12 servidores que acompanham a primeira-dama informalmente.
Ainda segundo a apuração, nenhuma das viagens da própria Janja teve passagens compradas com mais de nove dias de antecedência — nem mesmo em compromissos internacionais organizados com antecedência, como a 48ª sessão do FIDA, em Roma, ou a Cúpula Nutrição para o Crescimento (N4G), em Paris.
O volume de viagens e o modo como foram organizadas geraram fortes reações nas redes sociais e entre críticos do governo. Para muitos, os dados escancaram a falta de zelo com os recursos públicos. A primeira-dama, que não ocupa cargo oficial na administração federal, tem sido presença constante em viagens oficiais e compromissos no exterior, quase sempre acompanhada de uma equipe.
“A cara do PT”, dizem críticos, ao associar os gastos excessivos ao estilo político do partido e ao histórico de uso de recursos públicos. “Sem qualquer economia, sem planejamento algum. Um escárnio com o contribuinte”, resumiu um comentarista político nas redes.
O governo federal, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre os gastos ou a lógica por trás da compra tardia de passagens. Também não houve justificativas quanto ao número elevado de viagens da primeira-dama, que não possui função executiva definida no governo, embora participe de diversas agendas oficiais ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A polêmica expõe um ponto sensível da gestão: o controle de gastos e a transparência no uso dos recursos públicos, especialmente em tempos de ajustes fiscais e cobranças por mais responsabilidade do governo com o dinheiro do contribuinte.