URGENTE: Preso pelo 8 de janeiro tenta tirar a própria vida
Claudinei Pego da Silva, de 45 anos, voltou a tentar tirar a própria vida dentro da Penitenciária Nelson Hungria, em Minas Gerais, nesta quarta-feira (25). A tentativa — a segunda desde que foi preso em janeiro de 2023 — só não foi fatal porque a corda improvisada com que tentou se enforcar se rompeu antes do desfecho trágico. Claudinei sobreviveu por um acaso. Está agora na enfermaria do presídio, fragilizado física e psicologicamente.
Do lado de fora, a esposa, Priscila Kellen Oliveira, de 34 anos, assiste impotente à degradação do marido. “A situação é insustentável”, disse. Segundo ela, ele está isolado, magro, fala em morrer constantemente — e agora enfrenta denúncias de agressões e humilhações dentro da cela.
“Jogaram spray de pimenta nos olhos dele, deram tapa na nuca. Está numa cela escura com outro preso. Ele não aguenta mais”, desabafa Priscila.
STF ainda não decidiu sobre prisão domiciliar
A defesa de Claudinei luta por uma prisão domiciliar por razões humanitárias, mas desde o dia 23 de maio aguarda um parecer de uma junta médica solicitada pelo ministro Alexandre de Moraes. Enquanto isso, o réu permanece encarcerado, sem atendimento psicológico, sem assistência clínica, e cada vez mais vulnerável.
“A resposta não vem. E cada dia sem resposta é um passo a mais em direção ao fundo do poço. Será que estão esperando ele morrer?”, questiona Priscila.
Histórico de tentativas de suicídio
Essa não foi a primeira vez. Em dezembro de 2023, ainda na Papuda, Claudinei também tentou se enforcar, com uma camisa. Só foi impedido porque os agentes chegaram a tempo. A história se repete, mas com agravantes: agora ele está mais fragilizado, mais desesperançado — e cada vez menos visível.
Um pai apagado do convívio
Claudinei é pai de quatro filhos. O mais novo, Gabriel, de apenas 6 anos, não vê o pai há meses. “Ele voltou a fazer xixi na cama, acorda gritando, chora sem parar. É a ausência que grita todos os dias aqui em casa”, diz Priscila. Ela vive hoje de doações, desempregada, na casa da mãe em Belo Horizonte.
“O Claudinei era o único provedor. Tínhamos nossa oficina, nosso sustento. Hoje temos o quê? Nada. Nem ele, nem paz, nem justiça.”
Um erro que custou uma vida inteira
A defesa afirma que Claudinei foi à Praça dos Três Poderes apenas para procurar um amigo em meio ao caos. Acabou preso dentro de um dos prédios invadidos — condenado a 16 anos e meio de prisão. A sentença transitou em julgado em fevereiro deste ano. Desde então, cumpre pena entre presos comuns, sem qualquer diferenciação de tratamento.
“Ele foi parar no lugar errado, na hora errada. E agora paga como se fosse um mentor, um líder. Não é justo”, afirma um dos advogados.
Esquecido pelo sistema
Enquanto a decisão do STF não vem, a vida de Claudinei escoa pelas frestas de uma cela escura. Um homem condenado, sim — mas ainda assim humano. Ainda assim pai. Ainda assim cidadão.
“O desespero é total. Parece que querem empurrar ele até o fim. Mas será que o fim precisa ser a morte?”, pergunta Priscila.