William Bonner diz que o JN é mais importante que a internet

Durante participação no Cannes Lions 2025, um dos maiores festivais de criatividade e comunicação do mundo, o jornalista William Bonner, editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional, fez duras críticas às redes sociais e refletiu sobre os novos desafios do jornalismo no Brasil e no mundo. A fala ocorre em um momento delicado para o JN, que caminha para registrar o pior desempenho de audiência de sua história.

Bonner afirmou que, embora as transformações tecnológicas tenham revolucionado a comunicação, também ampliaram problemas graves como a desinformação, a intolerância e a radicalização das opiniões.

“As redes sociais seguem sendo um enorme problema para a humanidade. No momento, estamos lidando com esse mal, com as bolhas, com a intolerância crescente, com as pessoas se recusando a ouvir os diferentes e ainda tornando os diferentes seus alvos, porque inimigos”, disse o jornalista durante painel promovido pelo Meio & Mensagem.

Apesar da queda de audiência do principal telejornal da Globo, Bonner defendeu que o Jornal Nacional segue tendo um papel fundamental no ecossistema da informação, especialmente em tempos de crise democrática e confusão informacional.

“Não faz sentido o Jornal Nacional se apresentar como o órgão que vai te comunicar as coisas, não, mas ele está lá porque ele é o órgão que vai te ajudar a compreender, ele vai organizar as coisas, ele vai contextualizá-las”, afirmou.

Compromisso com pluralidade

Ao comentar os 60 anos da Rede Globo, Bonner também ressaltou o compromisso editorial da emissora com a diversidade cultural, social e política do Brasil — e alertou para os riscos de abordagens editoriais reducionistas ou arrogantes.

“A diversidade do Brasil pode ser uma adversidade, não querendo fazer trocadilho, para quem se posicionar de uma maneira arrogante, achando que uma parte dos brasileiros ou uma parte do país deve se sobrepor às demais”, declarou.

A fala do jornalista ecoa em um momento de intensa disputa por narrativas, tanto nas redes quanto na imprensa tradicional, onde a credibilidade e a capacidade de contextualizar os fatos se tornaram ativos escassos — e essenciais. Bonner encerrou sua participação reafirmando que o jornalismo profissional ainda é uma das melhores ferramentas para “restaurar pontes” em um país cada vez mais polarizado.

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Bruno Rigacci

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