MST faz acusação grave contra o governo Lula
Lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) criticaram duramente o governo federal após a divulgação de dados considerados “enganosos” sobre a criação e regularização de assentamentos rurais. Segundo o movimento, o Palácio do Planalto estaria inflando números e apresentando como concluídas áreas que, na prática, ainda enfrentam entraves jurídicos e estruturais.
De acordo com o MST, muitas das áreas anunciadas como regularizadas continuam sem infraestrutura básica, como energia elétrica, água potável, acesso a crédito ou documentação legal definitiva. A crítica, que coloca em xeque a narrativa do governo sobre avanços na reforma agrária, representa um sinal de desgaste na relação com um de seus tradicionais aliados.
“O governo tem divulgado números que não condizem com a realidade no campo. Há assentamentos que sequer saíram do papel, e outros onde os trabalhadores ainda vivem em condições precárias, sem segurança jurídica ou apoio técnico”, afirmou uma das lideranças nacionais do movimento, sob condição de anonimato.
Divergência nos Números
O governo Lula, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), tem divulgado que houve um avanço significativo na regularização de terras e na criação de novos assentamentos desde o início do mandato. Em pronunciamentos recentes, o próprio presidente tem reforçado esse ponto como parte de sua política de combate à desigualdade social no campo.
O MST, no entanto, contesta os critérios utilizados para contabilizar essas áreas. Segundo o movimento, o governo estaria considerando como “assentados” trabalhadores que ainda não receberam oficialmente a posse da terra ou vivem em lotes com pendências legais.
Pressão por Resultados Concretos
A crítica do MST ocorre em meio a um momento de instabilidade política e questionamentos internos dentro da base de apoio ao presidente Lula. Embora o movimento mantenha apoio ao projeto político do governo, cresce a cobrança por medidas mais concretas no campo da reforma agrária.
Nos bastidores, líderes do MST afirmam que há frustração com a lentidão da máquina pública e a falta de prioridade para a pauta fundiária. Eles também reclamam da burocracia no Incra e da falta de investimento para transformar áreas ocupadas em assentamentos viáveis e produtivos.
Sinais de Alerta
A insatisfação pública do MST, mesmo moderada, serve como um sinal de alerta para o governo. O movimento historicamente alinhado ao PT tem peso simbólico e político, e seu descontentamento pode ampliar o desgaste de um governo que já enfrenta dificuldades em outras frentes, como no Congresso Nacional.
Por ora, o Planalto ainda não comentou oficialmente as críticas. Fontes próximas ao Incra indicam que um novo balanço com critérios revisados deve ser divulgado nas próximas semanas, numa tentativa de esclarecer os dados e minimizar o atrito.