Gleisi diz que alta dos juros – maior patamar em 19 anos – é “incompreensível”, mas silencia sobre “culpado”
A senadora Gleisi Hoffmann (PT) se manifestou com críticas firmes após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevar a taxa básica de juros (Selic) de 14,75% para 15% ao ano, o nível mais alto desde 2006, completando sete altas consecutivas .
Declarações de Gleisi
Em nota, a petista afirmou ser “incompreensível” que o Copom opte por mais um aumento quando há combinações entre desaceleração da inflação, déficit primário zero, crescimento econômico e entrada de investimentos internacionais, que apontam para uma confiança positiva na economia. Ela acrescentou:
“O Brasil espera que este seja de fato o fim do ciclo dos juros estratosféricos.”
Diferentemente de críticas anteriores à gestão de Roberto Campos Neto, Gleisi evitou mencionar diretamente o nome de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central desde janeiro.
Contexto da decisão do Copom
Conforme comunicado do Banco Central, o aumento tinha como objetivo conter temores com as “expectativas de inflação desalinhadas”, apesar do desempenho econômico considerado resiliente. A autoridade também anunciou que deve manter essa taxa por um longuíssimo período, avaliando os efeitos cumulativos dos ajustes anteriores .
O Copom enfatizou que não hesitará em retomar o ciclo de aperto, caso necessário, e que “encoraja estabilidade, evitando discussão prematura sobre cortes.” A inflação projetada para 2025 foi revisada para 4,9%, ainda acima da meta de 3%, enquanto a expectativa para 2026 está em torno de 3,6% .
Impactos na economia e expectativas
Os juros elevados encarecem empréstimos, financiamentos e o uso do crédito, podendo desacelerar o consumo e o investimento sustentável no país .
A Selic atual é a mais alta das últimas duas décadas, refletindo o compromisso do Banco Central em ancorar expectativas de inflação .
A maioria dos economistas projeta o pico da Selic para este momento, com cortes só no início de 2026, dependendo de sinais mais claros de controle inflacionário .
Desafio para o governo Lula
Para o governo, os juros altos representam dilema político e econômico: por um lado, ajudam a manter a inflação em cheque; por outro, pressionam o orçamento das famílias e empresas num contexto já impactado por menor crescimento e endividamento.
As críticas de Gleisi reforçam o olhar atento da base aliada, que busca reequilibrar o ajuste monetário sem sacrificar o ambiente econômico e político em véspera de eleições.