Governo quer controlar CPMI do INSS com Omar Aziz na presidência
Após a leitura do requerimento que oficializa a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, na sessão do Congresso da última terça-feira (17), o governo federal se mobiliza para garantir protagonismo na condução dos trabalhos do colegiado. A estratégia do Palácio do Planalto é clara: assegurar aliados nos principais postos da comissão para evitar que a oposição, especialmente o PL, utilize a investigação como plataforma de desgaste contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O nome do senador Omar Aziz (PSD-AM), ex-presidente da CPI da Pandemia, é praticamente certo para assumir a presidência da CPMI. Com isso, o foco das negociações se volta à escolha do relator, cargo de grande influência e que cabe à Câmara dos Deputados.
Relatoria pode ir para o PL
A expectativa é que o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e o maior da Câmara, indique o relator da comissão. Dois nomes estão na disputa:
Coronel Crisóstomo (PL-RO), responsável por mobilizar os primeiros apoios para a criação da CPMI;
Coronel Fernanda (PL-MT), também atuante na articulação da comissão e figura de destaque da oposição.
Risco de palanque contra o governo
A possível escolha de um relator bolsonarista preocupa o governo. Nos bastidores, o Planalto articula com partidos do centrão para tentar bloquear essa indicação e evitar que a CPMI seja instrumentalizada para atacar a atual gestão.
Segundo interlocutores governistas, há receio de que o PL utilize a relatoria para redirecionar a narrativa da investigação, que inicialmente visa apurar fraudes em benefícios previdenciários no INSS, para enfraquecer o governo Lula.
Governo aposta em “equilíbrio”
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), defendeu uma composição equilibrada na CPMI. Para ele, a comissão deve esclarecer que os esquemas de fraude se originaram durante o governo Bolsonaro, embora só tenham sido desvendados sob a atual gestão.
“Seria de bom-tom que a investigação não fosse conduzida nem por alguém do partido do presidente da República e nem pelo principal partido de oposição”, afirmou Randolfe.
O governo também aposta na atuação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para conduzir a escolha do relator com isenção, evitando acirrar ainda mais o embate político.
Contexto da CPMI
A CPMI do INSS foi criada com o objetivo de investigar denúncias de fraudes em benefícios previdenciários, que incluem irregularidades na concessão de aposentadorias e auxílios. O escopo da comissão pode abranger gestões anteriores e atuais do INSS, o que acirra a disputa política por sua condução.
Com os cargos de presidência e relatoria ainda em definição, os próximos dias serão decisivos para o rumo político da CPMI — e, potencialmente, para o equilíbrio entre governo e oposição no Congresso Nacional.