Datafolha indica bolsonarismo em alta e petismo em baixa

Pela primeira vez, a pesquisa Datafolha revela um empate técnico e fora da margem de erro entre os simpatizantes do bolsonarismo e do petismo no Brasil. O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (18), mostra que 35% dos eleitores se identificam com o ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto outros 35% preferem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Essa é a primeira vez que os dois grupos aparecem nivelados, com variações estatisticamente significativas em relação à sondagem anterior, realizada em abril, quando os petistas somavam 41% e os bolsonaristas, 31%.

A pesquisa ouviu 2.004 pessoas em 136 municípios entre os dias 10 e 11 de junho, com margem de erro de dois pontos percentuais.

Escala polarizada

O Datafolha utilizou uma escala de 1 a 5 para mapear as preferências ideológicas:

  • Quem respondeu “1” ou “2” foi classificado como bolsonarista;

  • Quem escolheu “4” ou “5”, como petista;

  • Já os que ficaram no “3” foram considerados neutros (20%);

  • Outros 7% disseram não se identificar com nenhum dos lados, e 2% não responderam.

Apesar da tentativa de mapear nuances, a metodologia tem sido criticada por forçar uma classificação binária, deixando pouco espaço para o eleitorado “isentão” ou moderado.

Comparações com outras pesquisas

Outros institutos, como Genial/Quaest e CNT/MDA, utilizam abordagens diferentes e registram números menos expressivos para os dois polos:

  • Segundo a Quaest (6 de junho), 33% do eleitorado não tem posicionamento;

  • Apenas 14% se identificam como petistas/lulistas e 11% como bolsonaristas;

  • Há ainda 15% de eleitores de esquerda não-petista e 23% de direita não-bolsonarista.

Essa diferença metodológica mostra que a forma como se formula a pergunta influencia diretamente os resultados e a percepção pública da polarização.

Sinal de alerta para o centro político

O resultado do Datafolha reforça o quadro de polarização extrema no país, o que pode complicar o espaço para alternativas de centro em 2026. A rápida recuperação de Bolsonaro no levantamento — saltando de 31% para 35% em dois meses — ocorre mesmo com o ex-presidente enfrentando restrições legais e fora da disputa presidencial por decisão do TSE.

Para analistas políticos, o cenário indica que o debate nacional continuará fortemente influenciado pela disputa direta entre Lula e Bolsonaro, com pouco espaço para uma terceira via, a menos que surja um nome com forte apelo transversal.

Conclusão

O empate entre petistas e bolsonaristas revela um país ainda mergulhado na polarização. Mesmo com narrativas distintas sobre corrupção, economia, e segurança pública, os dois campos seguem mobilizando grandes parcelas da população — enquanto o centro, embora numeroso, segue sem representação política sólida.

A disputa de narrativas deve se intensificar nos próximos meses, especialmente com as movimentações em torno das CPMIs, denúncias, e articulações para as eleições municipais de 2024, que podem servir como termômetro para 2026.

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Bruno Rigacci

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