Moraes nega anular delação de Cid após trocas de mensagens
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou nesta terça-feira (17) o pedido de rescisão do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). A solicitação partiu da defesa do ex-presidente e foi negada sob a justificativa de que ainda não foram entregues os dados relativos a uma conta no Instagram supostamente ligada a Cid.
De acordo com a petição apresentada pelos advogados de Bolsonaro, Mauro Cid teria vazado informações sigilosas de sua delação premiada por meio de mensagens enviadas ao advogado de Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente. As mensagens teriam sido trocadas por meio de uma conta no Instagram registrada em nome da esposa de Cid. Nelas, o militar também teria feito críticas à investigação e ao próprio Moraes.
A defesa de Bolsonaro alegou que esse comportamento representaria uma quebra de confiança e sigilo, o que justificaria o rompimento do acordo. No entanto, Moraes argumentou que ainda é necessário esclarecer a titularidade e a veracidade da conta em questão. Segundo ele, a própria defesa de Mauro Cid solicitou à Meta, empresa responsável pelo Instagram, informações sobre o proprietário do perfil.
Em depoimento prestado ao STF, Mauro Cid negou que tenha usado redes sociais para se comunicar com outros investigados ou divulgado detalhes da colaboração premiada.
A decisão de Moraes mantém a validade da delação até que se confirmem os dados da plataforma digital, reforçando que qualquer violação ao acordo será devidamente analisada após o recebimento das provas técnicas solicitadas.
O caso ganhou novo fôlego em meio à tensão política crescente, dois dias após o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) ser indiciado pela Polícia Federal e anunciar sua intenção de concorrer ao Senado em 2026. O senador Flávio Bolsonaro, por sua vez, criticou a condução do processo, afirmando que “o processo tem que ser imediatamente anulado”.
A delação de Mauro Cid é considerada peça-chave nas investigações envolvendo possíveis atos ilícitos durante o governo Bolsonaro, incluindo suspeitas de tentativa de golpe de Estado, fraudes em cartões de vacinação e manipulação de informações institucionais.