Moraes autoriza acareação entre Cid e Braga Netto
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira (17) a realização de uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general Walter Braga Netto, ambos réus na ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O pedido foi feito pela defesa de Braga Netto, conforme antecipado pelo portal Metrópoles.
Na delação premiada firmada com o STF, Mauro Cid afirmou ter participado de uma reunião com Braga Netto para discutir o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que teria como objetivo subverter o resultado do pleito presidencial. Segundo Cid, o general também teria lhe repassado dinheiro em espécie para financiar operações clandestinas, supostamente destinadas ao major Rafael Martins de Oliveira, outro investigado no caso.
A defesa de Braga Netto nega veementemente qualquer participação do general em atos golpistas e afirma que Cid não apresentou provas materiais que sustentem suas declarações. Para os advogados, a acareação é essencial para garantir o contraditório e a ampla defesa.
“Sem a acareação, restaria a esta defesa a produção de provas negativas, algo tão inadmissível quanto impor ao requerente o ônus de fazer prova sobre as acusações feitas contra si”, afirmou José Luis Oliveira Lima, advogado de Braga Netto.
Preso desde dezembro por decisão do STF, Braga Netto é acusado de ser um dos articuladores centrais de uma suposta conspiração para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, além de tentar reverter o resultado das urnas por meio da força militar.
A decisão de Moraes ocorre em um momento de alta tensão política e judicial. Dois dias após anunciar sua pré-candidatura ao Senado, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito da chamada “Abin Paralela”. Em tom de deboche, Carlos comentou o indiciamento com a frase: “PF do Lula”, em referência ao governo federal.
A acareação entre Mauro Cid e Braga Netto ainda não tem data definida, mas deve ocorrer nas próximas semanas, em ambiente controlado e com a presença de representantes do Ministério Público e das defesas. O resultado pode ser decisivo para o andamento da ação penal que envolve diversos militares e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).