A farsa de Mauro Cid é exposta em números e causa indignação

O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL-MG) trouxe a público nesta semana dados que colocam em xeque a consistência da delação premiada feita por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para Caporezzo, a fragilidade do testemunho de Cid revela o que ele classifica como uma “farsa” que ameaça os pilares do Estado Democrático de Direito.

Durante pronunciamento, o parlamentar apresentou uma análise textual do depoimento, destacando expressões que, segundo ele, demonstram insegurança, suposições e contradições. Os números impressionam:

  • “Eu acho”: 98 vezes

  • “Não sei”: 132 vezes

  • “Não me lembro”: 18 vezes

  • “Não me recordo”: 14 vezes

  • “Provavelmente”: 11 vezes

Para Caporezzo, tais repetições não são meras hesitações naturais de um depoente. Ele vê nelas um padrão que enfraquece o valor jurídico da delação e coloca sob suspeita os processos e investigações que dela derivam.

“Foi uma dedução… Quando o Direito vira objeto de dedução, a Democracia sangra em silêncio”, afirmou o deputado em uma crítica contundente.

A declaração, marcada por forte tom político, encontra eco entre parlamentares e juristas críticos ao uso da delação premiada como base principal para acusações sem provas materiais sólidas. A fala também reabre o debate sobre os limites do instrumento da colaboração premiada, especialmente quando a versão apresentada por delatores não vem acompanhada de comprovações diretas.

Por outro lado, defensores das delações lembram que a inconsistência de um depoimento não o invalida automaticamente. Caberia ao Ministério Público e ao Judiciário a tarefa de investigar e cruzar informações, separando fatos de conjecturas.

Ainda assim, a fala de Caporezzo alimenta uma narrativa cada vez mais presente nos bastidores da política brasileira: a de que parte das investigações envolvendo figuras do alto escalão do antigo governo pode estar apoiada em depoimentos frágeis, sujeitos à pressão e à subjetividade.

Em um momento de alta tensão institucional e polarização, a credibilidade das delações torna-se uma peça-chave no quebra-cabeça jurídico e político que se desenrola em Brasília. E, como alerta o deputado mineiro, quando o fio da verdade se perde em meio a deduções, o silêncio da democracia pode ser mais ensurdecedor do que qualquer grito.

Compartilhe nas redes sociais

Bruno Rigacci

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site! ACEPTAR
Aviso de cookies