Fora do Brasil, Carla Zambelli já começou a nova “missão”…
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) confirmou estar fora do Brasil, poucos dias após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão em regime fechado por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em conluio com o hacker Walter Delgatti Neto. A sentença, proferida por unanimidade pela Primeira Turma da Corte, também prevê multa de R$ 2 milhões, perda do mandato e inelegibilidade por oito anos — embora a cassação ainda dependa de decisão da Câmara dos Deputados após o trânsito em julgado da ação.
Segundo a deputada, sua saída do país teve motivação inicial de ordem médica, mas agora ela pretende formalizar um pedido de afastamento do cargo, como previsto na Constituição. “Essa possibilidade já foi exercida, por exemplo, pelo Eduardo [Bolsonaro]”, afirmou, referindo-se ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Críticas ao STF e alegações de perseguição
Em entrevista, Zambelli criticou duramente o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), especialmente o ministro Alexandre de Moraes, que atuou como relator do caso. “A gente vive hoje num ambiente de receio. Parlamentares têm medo de agir porque tudo é revertido no STF, que hoje legisla, julga e executa”, disse.
Zambelli também afirmou que sua saúde foi prejudicada pelas restrições que, segundo ela, teriam sido impostas à sua liberdade de expressão, e expressou temor de ser presa, citando casos como o da cabeleireira Débora Rodrigues, condenada por atos de vandalismo em 8 de janeiro de 2023.
Ela negou qualquer responsabilidade pela derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, alegando ter sido transformada em “bode expiatório” após o episódio em que perseguiu um homem armado em São Paulo durante o segundo turno. “As urnas não são confiáveis. Agora, fora do país, posso dizer isso sem ser ainda mais perseguida”, declarou.
PGR avalia prisão preventiva
A Procuradoria-Geral da República (PGR) estuda a possibilidade de solicitar ao STF a prisão preventiva da deputada, considerando a saída do país um possível indício de tentativa de evasão da Justiça. A localização exata de Zambelli segue incerta: em declarações à imprensa, ela afirmou estar na Itália, onde tem cidadania, mas também mencionou os Estados Unidos como destino temporário.
Segundo fontes próximas ao procurador-geral Paulo Gonet, a decisão está em avaliação técnica e política. A mobilidade internacional da parlamentar, associada à gravidade da condenação e à inconsistência de suas declarações, são vistas como elementos que reforçam o risco de fuga da jurisdição brasileira.
Caso a PGR formalize o pedido, caberá ao ministro Alexandre de Moraes decidir pela autorização da medida cautelar. Enquanto isso, parlamentares da base governista se articulam para protocolar representações formais exigindo a prisão da deputada.
Condenação e participação de Delgatti
Zambelli foi condenada pela sua participação no plano de invasão do sistema eletrônico do CNJ, ao lado de Walter Delgatti Neto, que também foi sentenciado a 8 anos e 3 meses de prisão. Ambos foram responsabilizados solidariamente pelo pagamento da multa. O relator da ação classificou o episódio como “grave ameaça à segurança institucional da Justiça brasileira”.
A defesa da deputada, até o momento, não se manifestou publicamente sobre os próximos passos legais, mas a própria parlamentar insiste que está sendo alvo de perseguição política:
“Sou vítima de uma perseguição política que atenta não apenas contra minha honra pessoal, mas também contra os princípios mais elementares do Estado de Direito.”
Próximos capítulos
A situação de Zambelli deve se intensificar nos próximos dias, com possível avanço da PGR e pressões políticas para a formalização de seu afastamento ou cassação. O caso também reacende o debate sobre os limites da atuação do Judiciário em relação a parlamentares e sobre o equilíbrio entre imunidade e responsabilidade legal.