Enfim, surge o vídeo onde Moraes ameaça General (veja o vídeo)
O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou públicos nesta terça-feira (3) os vídeos das audiências com testemunhas no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado articulada no final de 2022, após a derrota eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os trechos mais tensos dos depoimentos está a oitiva do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que foi diretamente repreendido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Durante o depoimento, realizado na presença de advogados, procuradores e técnicos do STF, Moraes interrompeu o general ao perceber supostas inconsistências entre suas declarações prestadas anteriormente à Polícia Federal e as palavras proferidas na audiência da Corte.
“Antes de responder, pense bem. A testemunha não pode deixar de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que falar que mentiu na polícia. Não pode agora no STF dizer que não sabia… Ou o senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui”, afirmou Moraes, em tom firme.
A advertência do ministro gerou tensão no ambiente da audiência e foi interpretada por observadores como um sinal claro de que o STF está tratando com tolerância zero qualquer tentativa de omissão ou contradição nos depoimentos sobre os eventos que cercaram a intentona golpista.
Contexto da investigação
O processo investiga articulações entre militares, ex-integrantes do governo Bolsonaro e aliados políticos que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), teriam buscado interferir nas eleições de 2022 e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O general Freire Gomes é considerado uma figura-chave na narrativa dos fatos, uma vez que, segundo testemunhos de delatores como Mauro Cid, o então comandante do Exército teria sido procurado para dar apoio a medidas de ruptura institucional — o que ele teria recusado, mas sem denunciar formalmente a trama.
Reações e próximos passos
A divulgação dos vídeos gerou repercussão imediata no meio jurídico e político. Aliados de Bolsonaro criticaram o tom adotado por Moraes, alegando pressão indevida sobre testemunhas militares. Já membros da base governista e especialistas em Direito Penal defenderam a atuação do ministro como necessária para preservar a integridade do processo judicial.
Os depoimentos fazem parte da preparação para a audiência marcada para o próximo 9 de junho, quando o STF deve interrogar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, incluindo militares da reserva e ex-ministros.
Com os vídeos disponíveis, cresce a expectativa sobre novas revelações e contradições entre os depoimentos. A integridade dos relatos prestados pode influenciar diretamente a formação de provas e o rumo das acusações formuladas pela PGR.