Lula dá “adeus” a Moraes…

A situação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou novos contornos nesta segunda-feira (2) com a revelação de que o governo Lula não pretende adotar medidas de retaliação caso os Estados Unidos imponham sanções a autoridades brasileiras. A informação, divulgada pela CNN Brasil, expõe a delicada posição do magistrado e o isolamento institucional em meio à crescente pressão internacional.

Segundo apurou a emissora, assessores do Palácio do Planalto já discutem uma resposta meramente formal, via nota diplomática, caso o Departamento de Estado norte-americano decida aplicar medidas contra Moraes ou outros membros do Judiciário brasileiro. O conteúdo da nota — que está em elaboração preventiva — deverá contestar as “premissas incorretas” que teriam motivado as possíveis sanções e reafirmar a independência dos Poderes no Brasil.

Governo opta por moderação e evita retaliação

Nos bastidores, a decisão do governo é clara: evitar qualquer tipo de retaliação direta contra os Estados Unidos. A orientação atual é que não haverá revogação de vistos, bloqueios de ativos nem medidas simétricas, mesmo que os EUA avancem com restrições como o cancelamento de vistos ou sanções financeiras a autoridades brasileiras.

A avaliação interna é de que escalar o conflito seria prejudicial às relações bilaterais e poderia comprometer interesses comerciais, diplomáticos e estratégicos entre os dois países. O Planalto ainda acredita que uma reação contundente só deve ser considerada caso Washington adote sanções mais severas — como bloqueio de bens ou congelamento de contas no exterior.

Alexandre de Moraes, isolado politicamente

A postura moderada do governo tem sido interpretada por analistas como um recuo político que isola o ministro Alexandre de Moraes, alvo principal de críticas de parlamentares bolsonaristas e de campanhas internacionais promovidas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro — incluindo seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Embora Lula tenha saído em defesa de Moraes publicamente nos últimos dias, suas declarações ainda não se traduziram em ações concretas. O silêncio estratégico do Executivo indica um movimento calculado para evitar o agravamento da crise, mesmo que isso implique deixar o ministro do STF em uma posição vulnerável diante da pressão externa.

Desespero e tensão crescente

Nos bastidores do Judiciário, o clima é de desconforto e apreensão. A possibilidade de uma retaliação estrangeira direta a um membro do Supremo é inédita e levanta questionamentos sobre o grau de apoio institucional que a Corte pode esperar em situações de ataque externo.

Por ora, o Planalto prepara o terreno com cautela. Mas, como avaliam interlocutores próximos ao presidente, a moderação tem prazo de validade: tudo dependerá do tipo de sanção que vier dos Estados Unidos — e da intensidade do impacto político que ela provocar dentro do Brasil.

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Bruno Rigacci

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