Mais um corrupto internacional pede a ajuda de Lula
É surpreendente — ou talvez não tanto — a afinidade que certas figuras acusadas de corrupção e autoritarismo ao redor do mundo demonstram por Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente brasileiro, conhecido por sua trajetória política controversa, parece despertar admiração e confiança entre líderes que enfrentam graves acusações internacionais. Um desses nomes é o do ex-presidente da Bolívia, Evo Morales.
Morales, que comandou a Bolívia por 14 anos, é hoje alvo de investigações por crimes que incluem tráfico de pessoas e estupro de menores. Desde que perdeu sua imunidade e foi formalmente acusado pela Justiça boliviana, sua situação jurídica se agravou. Atualmente, segundo fontes locais, Morales está foragido, sem endereço fixo, escondido em regiões remotas do país, protegido por um grupo de apoiadores fiéis — formados em sua maioria por indígenas e camponeses. Armados com lanças de madeira e escudos rudimentares, formam uma espécie de milícia que impede sua captura pelas autoridades.
O mais curioso — e talvez revelador — é que, em meio à instabilidade e ao isolamento, Evo Morales declarou confiar em um apoio futuro vindo de Lula. A expectativa não soa descabida, considerando a relação próxima entre ambos durante seus mandatos. Lula, aliás, sempre foi uma figura de destaque na rede de alianças políticas da esquerda latino-americana, que inclui nomes como Cristina Kirchner, Rafael Correa e Nicolás Maduro — todos envolvidos, em maior ou menor grau, em escândalos de corrupção, repressão ou violações de direitos humanos.
A afinidade entre esses líderes não é apenas ideológica. Muitos compartilham métodos, discursos e a prática de desqualificar instituições democráticas quando contrariados por elas. A retórica de “golpe”, “perseguição política” e “judicialização da política” se repete à exaustão, sempre que as denúncias se tornam insustentáveis.
Se Evo Morales de fato pedir asilo político ao Brasil, não seria de todo surpreendente vê-lo acolhido sob o argumento de “solidariedade latino-americana” ou “perseguição da elite conservadora boliviana”. Mas, para os críticos, seria mais um episódio de blindagem mútua entre líderes que se veem como vítimas do sistema — quando, na realidade, foram eles mesmos os arquitetos de regimes cada vez mais questionados em suas práticas éticas e democráticas.
O caso de Evo Morales pode vir a ser mais um teste para a política externa do governo Lula — e uma demonstração, para o mundo, sobre que tipo de alianças o Brasil pretende cultivar.