Trump passa por cima de todos os trâmites em recado a Lula sobre Moraes
Um episódio diplomático atípico marcou as relações entre Brasil e Estados Unidos nesta semana. Sob a liderança de Donald Trump, o governo norte-americano enviou um ofício diretamente ao Governo Lula, abordando a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A comunicação foi feita de forma direta, sem passar pelos trâmites diplomáticos tradicionais, como a embaixada americana em Brasília — o que causou surpresa e desconforto no Palácio do Planalto.
De acordo com o Ministério da Justiça, o documento tem caráter “exclusivamente informativo” e, por ora, “não gerará desdobramentos oficiais por parte do governo brasileiro”. Ainda assim, fontes ouvidas dentro do governo classificaram o gesto como “inusitado” e “fora do protocolo”, uma vez que o procedimento esperado seria o envio da correspondência via canais diplomáticos formais.
Nos bastidores, o episódio é interpretado como um sinal de um “novo normal” nas relações bilaterais durante a gestão Trump, que voltou ao poder adotando uma política externa marcada por comunicação direta e menor reverência a formalidades diplomáticas. O gesto é visto por interlocutores do Itamaraty como um “recado claro” de que os EUA, sob Trump, não hesitarão em pressionar diretamente governos aliados quando julgarem necessário.
Embora o conteúdo do ofício não tenha sido oficialmente divulgado, acredita-se que ele esteja relacionado às investigações e decisões de Alexandre de Moraes envolvendo aliados de Jair Bolsonaro, inclusive Eduardo Bolsonaro, que atualmente está nos Estados Unidos. A atuação de Moraes tem sido duramente criticada por setores conservadores nos EUA, sobretudo entre aliados de Trump, que enxergam nas decisões do ministro um suposto cerceamento da liberdade de expressão e perseguição política.
Até o momento, o Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes não se manifestaram sobre o envio do documento. O governo Lula, por sua vez, mantém postura cautelosa diante da movimentação, tentando evitar a escalada de uma crise diplomática.
O Itamaraty avalia, internamente, emitir uma nota reafirmando a importância do respeito às instituições e à soberania nacional, embora, oficialmente, o Ministério das Relações Exteriores ainda não tenha comentado o caso.