STF cai na “armadilha” de Trump
O que antes parecia uma bravata de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora começa a ser tratado com seriedade nos bastidores do governo brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF). A escalada de pressão por parte de integrantes do governo Donald Trump, nos Estados Unidos, contra autoridades brasileiras, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, já provocou movimentações diplomáticas e reações discretas em Brasília.
Segundo reportagem da jornalista Malu Gaspar, publicada em O Globo, o anúncio do senador e atual secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, de que o governo americano restringirá vistos de entrada para autoridades estrangeiras acusadas de censurar cidadãos americanos, foi interpretado como um sinal concreto de que sanções estão sendo preparadas. A medida, por ora, é limitada ao território dos EUA, mas Rubio já mencionou a possibilidade de aplicar a chamada “pena de morte financeira” — um mecanismo que impede qualquer relação comercial de empresas com os sancionados.
STF: de desdém à preocupação real
Inicialmente, ministros do Supremo desdenharam das ameaças vindas do exterior, considerando-as manobras políticas de Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA desde março. No entanto, com o apoio crescente da ala trumpista e a formalização de ações por membros do alto escalão do governo americano, o tom mudou.
Ministros do STF têm pressionado o governo Lula por uma resposta institucional, mas enfrentam um dilema: uma reação mais dura pode reforçar o discurso bolsonarista de que o Judiciário e o Executivo atuam de forma coordenada contra adversários políticos.
Itamaraty age nos bastidores
O Ministério das Relações Exteriores, por sua vez, tem tentado intervir de forma discreta, alertando diplomatas americanos de que o caminho das sanções pode comprometer a relação bilateral Brasil-EUA. Contudo, fontes apontam que os trumpistas não estariam dispostos a recuar com base em argumentos diplomáticos.
Crise em gestação com impacto político
Mesmo que as sanções não avancem de forma imediata, a crise está instaurada e com potencial de impacto eleitoral em 2026, segundo analistas políticos. A narrativa de confronto entre “liberdade de expressão” e “censura institucional”, promovida por bolsonaristas nos EUA, encontra eco em parte da base conservadora e deve ser explorada nas próximas disputas eleitorais.
Cenário aberto e imprevisível
Ainda não está claro se os EUA sob Trump seguirão adiante com sanções mais amplas contra membros do STF ou seus familiares. No entanto, o episódio marca uma inflexão inédita nas relações entre os poderes no Brasil e a política externa norte-americana. O clima é de tensão e incerteza, e Brasília acompanha com cautela os próximos movimentos de Washington.