General Mourão surpreende e sai em defesa de Eduardo Bolsonaro
O senador General Hamilton Mourão (Republicanos-RS), conhecido por adotar uma postura mais moderada desde que deixou a Vice-Presidência da República, surpreendeu ao elevar o tom nesta terça-feira (28) em defesa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alvo de um pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República.
Em postagem feita em sua conta oficial no X (antigo Twitter), Mourão criticou duramente a ação movida pelo procurador-geral Paulo Gonet, que acusa Eduardo de articular sanções internacionais contra autoridades brasileiras — especialmente o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O senador classificou a ofensiva como “surreal” e fez uma firme defesa da liberdade de expressão:
“A ofensiva contra Eduardo Bolsonaro, que não está no Brasil e nem exercendo o seu mandato, é algo surreal!
Nós, que defendemos a liberdade de expressão, não podemos admitir, em hipótese alguma, que a justiça sirva de instrumento para a censura, a coação e a disseminação do medo.
Quando tudo isso ocorre, não mais existe o Estado de Direito.”
A fala marca um novo posicionamento de Mourão, que vinha adotando uma linha mais institucional no Senado, mas agora volta a se alinhar publicamente ao discurso da base bolsonarista. A crítica direta ao Supremo Tribunal Federal e ao Ministério Público também aponta para o acirramento da tensão entre parte do Legislativo e o Judiciário.
Nos bastidores, aliados de Eduardo Bolsonaro consideraram o apoio de Mourão estratégico, especialmente diante do risco de o inquérito avançar e gerar consequências jurídicas e políticas para o parlamentar. A acusação de articular sanções por meio da chamada Lei Global Magnitsky pode ser interpretada como traição à soberania nacional — argumento central da PGR.
A declaração de Mourão, por sua vez, reflete uma crescente insatisfação entre parlamentares com o que classificam como “judicialização da política” e “censura institucionalizada”. Para eles, a reação contra Eduardo é parte de um movimento mais amplo de intimidação contra vozes dissidentes ao sistema de poder vigente.
Enquanto o embate entre poderes se intensifica, a fala do general-senador serve como sinal claro de que o conflito institucional no Brasil está longe de esfriar.