STF usa conta no X para expor inquérito contra Eduardo e deputado dobra a aposta contra Moraes
A crise entre os Poderes no Brasil ganhou mais um capítulo tenso nesta segunda-feira (27), após o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciar, por meio de sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter), a abertura de um novo inquérito contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A investigação, segundo a Corte, atende a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e apura suposta coação no curso do processo e tentativa de obstrução de Justiça.
“STF abre inquérito para investigar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação e tentativa de obstrução de Justiça. A decisão atende o pedido da Procuradoria-Geral da República”, publicou o STF.
A resposta de Eduardo Bolsonaro foi imediata e inflamou ainda mais os ânimos no ambiente político. Também pelas redes sociais, o deputado — que atualmente se encontra nos Estados Unidos — rebateu a decisão e acusou o Judiciário brasileiro de abuso de poder. Em sua reação, insinuou que as ações do STF podem gerar um “grave incidente diplomático” com o governo norte-americano.
“Estou nos EUA solicitando a autoridades que acionem determinados dispositivos legais do país.
Se o que estou fazendo é criminoso, então o governo brasileiro está acusando o Secretário Marco Rubio de cometer um crime nesta audiência no Congresso dos EUA, perante o Deputado Cory Mills?”, escreveu Eduardo.
“Afinal, não há crime de coação quando o que se propõe é algo lícito. Na sanha totalitária, Moraes e sua trupe de aloprados vão criar um grave incidente diplomático com os EUA”, completou.
A escalada do conflito ocorre após declarações do senador norte-americano Marco Rubio, que sinalizou a possibilidade de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, com base em supostas violações de direitos e abuso de autoridade. A movimentação foi articulada após encontros de Eduardo Bolsonaro e o deputado Filipe Barros (PL-PR) com congressistas dos EUA, incluindo Cory Mills, que questionou Rubio sobre a situação brasileira em audiência pública.
O analista político Leonardo Barreto avalia que a percepção em Brasília mudou. Segundo ele, a hipótese de sanções contra Moraes já é tratada com seriedade dentro do governo. “Não se trata apenas de bravata. As autoridades começaram a perceber que há um processo político em andamento e que ele não pode mais ser ignorado”, afirmou.
Especialistas alertam que a politização judicial e o envolvimento direto de congressistas estrangeiros em temas da política interna brasileira elevam os riscos de tensões diplomáticas inéditas na relação Brasil–EUA desde a redemocratização.
Enquanto isso, cresce a divisão institucional: de um lado, o STF e a PGR reforçam sua atuação contra o que consideram ataques ao Estado democrático de direito; do outro, o bolsonarismo, agora com articulação internacional, questiona a legitimidade das ações do Judiciário e amplia sua campanha no exterior.
O Brasil, mais uma vez, se vê no epicentro de uma crise que ultrapassa fronteiras — e que pode colocar em xeque não apenas seus arranjos internos, mas também sua estabilidade diplomática.