Produtores rurais denunciam apreensões de gado em terras embargadas pelo Ibama
A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado realizou, nesta segunda-feira (26), um debate tenso e marcado por fortes denúncias entre produtores rurais e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho. O tema da audiência foi a apreensão de gado criado em áreas embargadas por crimes ambientais, especialmente na região amazônica.
Durante a sessão, produtores relataram o que classificaram como “abusos de autoridade” e “ações arbitrárias” por parte de agentes do Ibama. Segundo os depoimentos, os fiscais estariam agindo sem notificações prévias, utilizando força excessiva e promovendo a destruição de rebanhos sem garantias legais ou possibilidade de defesa por parte dos proprietários.
“Estamos sendo tratados como criminosos sem direito de resposta. Há produtores com décadas de trabalho que perderam tudo da noite para o dia”, afirmou um dos representantes da categoria, que também denunciou a falta de critérios claros na definição das áreas embargadas.
Em resposta, Rodrigo Agostinho defendeu a atuação do Ibama e afirmou que as ações seguem rigorosamente a legislação ambiental brasileira. Segundo ele, as apreensões ocorrem apenas em casos onde há comprovação de criação ilegal de gado em áreas desmatadas sem autorização. “O que está em jogo é o combate ao crime ambiental. Não vamos tolerar boi ilegal em terra pública invadida ou em reserva”, destacou.
Apesar da justificativa, a sessão expôs um crescente conflito entre órgãos ambientais e parte do setor agropecuário. Parlamentares da comissão pediram a investigação das denúncias apresentadas e sugeriram a criação de um grupo de trabalho para revisar os procedimentos de fiscalização e embargo de terras.
As denúncias levantadas durante o debate devem gerar novos desdobramentos políticos e jurídicos nas próximas semanas.