Lula sobre alto valor do gás: Alguém está ganhando muito

Durante agenda no Mato Grosso, neste sábado (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reacendeu o debate sobre o custo do gás de cozinha no Brasil, criticando a disparidade entre o valor de venda do botijão pela Petrobras e o preço final cobrado do consumidor.

“Sabe quanto sai o botijão de gás da Petrobras? É vendido para as empresas a R$ 37. Não tem explicação para chegar para o povo a R$ 120 ou R$ 130. Alguém está ganhando muito dinheiro”, afirmou o presidente, diante de apoiadores.

A declaração ocorre em um momento de pressão inflacionária em itens essenciais para a população de baixa renda, especialmente o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), utilizado na maioria dos lares brasileiros para cozinhar.

 Promessa reforçada: gás de graça para 22 milhões de pessoas

Lula aproveitou o tema para reafirmar uma promessa feita em fevereiro: oferecer gás de cozinha gratuito a 22 milhões de brasileiros inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), instrumento que reúne dados das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.

Segundo o presidente, o anúncio oficial do benefício deve ser feito ainda em maio, com início da política previsto antes de junho. A nova etapa da iniciativa integraria um esforço mais amplo de Lula para “voltar a fazer política e rodar o país”, como já declarou publicamente.

“Não faz sentido o povo passar fome ou cozinhar com lenha enquanto o gás sai da Petrobras por R$ 37. Vamos garantir esse direito”, prometeu.

 A matemática do botijão

De acordo com a Petrobras, o preço de R$ 37 refere-se ao valor médio cobrado da distribuidora por um botijão de 13kg na saída das refinarias. No entanto, esse valor sofre acréscimos até chegar ao consumidor, incluindo:

  • Margens de lucro de distribuidoras e revendedoras

  • Custos logísticos (transporte, armazenagem)

  • Impostos federais, estaduais e municipais

Especialistas apontam que quase 50% do valor final do botijão é composto por tributos e margens intermediárias, o que explicaria parte da discrepância entre o valor de refinaria e o preço ao consumidor.

 Críticas e descolamento da realidade?

Apesar de a crítica de Lula encontrar eco popular, opositores classificaram a fala como “populista” ou “alheia à realidade fiscal”, já que o governo não apresentou ainda o plano financeiro detalhado para bancar o benefício em larga escala.

“O presidente parece esquecer que impostos e logística também têm impacto. O problema não está só em quem vende”, comentou um parlamentar da oposição.

 Contexto político e social

A declaração surge em meio a um cenário de cobrança crescente sobre o custo de vida, especialmente entre os eleitores mais pobres — base tradicional do petismo. Com a popularidade em oscilação e críticas mesmo entre influenciadores antes aliados (como Felipe Neto, que criticou o aumento do IOF), Lula busca reposicionar sua imagem como líder sensível às dificuldades populares.

 O que esperar?

Resta saber como e quando o benefício prometido será implantado — e, sobretudo, de onde sairão os recursos. O desafio será conciliar a promessa social com a necessidade de responsabilidade fiscal em um momento em que o governo também enfrenta pressões por cortes e metas de arrecadação.

Até lá, o preço do botijão segue como símbolo do fosso entre discurso político e o peso real no bolso do consumidor.

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Bruno Rigacci

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