Barroso confessa que acionou autoridades estrangeiras e terá que se explicar

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) voltou a colocar o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), no centro de um novo embate político. Durante discurso no Senado, neste sábado (25/5), Girão cobrou esclarecimentos públicos de Barroso por declarações feitas nos Estados Unidos, durante evento promovido pela Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em Nova York.

Segundo o senador, o ministro admitiu que, quando presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teria se reunido com autoridades norte-americanas, inclusive membros do Departamento de Estado dos EUA, para pedir manifestações públicas de apoio à democracia brasileira. Essas reuniões teriam ocorrido em pelo menos três ocasiões durante o processo eleitoral de 2022.

Possível “interferência externa”?

Para Girão, as declarações levantam sérias dúvidas sobre a imparcialidade da Justiça Eleitoral no pleito presidencial que reelegeu Luiz Inácio Lula da Silva. O parlamentar vê indícios de possível articulação externa durante o processo eleitoral e questiona a legalidade e legitimidade de tais encontros, feitos por um dos principais atores do sistema eleitoral brasileiro.

“Estamos diante de uma verdadeira confissão aqui do ministro Barroso. Isso é crime de responsabilidade ou não?”, indagou Girão.

Conexão com discurso pós-eleição

O senador também fez referência a outro episódio polêmico envolvendo Barroso. Em novembro de 2022, durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o ministro declarou que “nós derrotamos o bolsonarismo”, em menção à vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro nas urnas.

Para Girão, essa fala, somada à revelação sobre conversas com autoridades dos EUA, demonstra uma atuação política indevida de um magistrado, o que, segundo ele, pode configurar crime de responsabilidade.

Convocação e investigação

O senador informou que já protocolou um pedido para convocar Barroso ao Congresso Nacional, além de outras autoridades mencionadas, a fim de esclarecer o conteúdo e os objetivos das conversas com o governo norte-americano.

“Vamos ouvir o ministro e outras pessoas sobre essas declarações gravíssimas, outras que ele fez pedindo a ajuda dos Estados Unidos no nosso processo eleitoral”, afirmou.

Reações e contexto

Até o momento, o STF não se manifestou oficialmente sobre as declarações de Girão. O conteúdo exato do discurso de Barroso nos EUA também ainda não foi integralmente divulgado. Porém, o tema deve ganhar tração no Congresso, especialmente entre parlamentares da oposição, que desde o fim das eleições de 2022 questionam a atuação da Justiça Eleitoral e de seus ministros.

Enquanto isso, aliados do Judiciário e do governo consideram as críticas infundadas e lembram que é comum, em democracias, haver diálogo institucional internacional sobre temas como integridade eleitoral e combate à desinformação.

Independentemente da conclusão, o episódio reaquece o debate sobre os limites entre atuação institucional e posicionamento político por parte de autoridades do Judiciário — uma linha cada vez mais tênue na política brasileira contemporânea.

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Bruno Rigacci

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