Após Janja provocar Michelle Bolsonaro, PL Mulher emite nota

Uma nova troca de farpas entre figuras centrais do cenário político brasileiro voltou a chamar atenção nas redes sociais e na mídia. A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, fez um comentário durante entrevista ao podcast da Folha de S.Paulo que foi interpretado como uma provocação indireta à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A resposta do PL Mulher, grupo feminino ligado ao Partido Liberal, veio em tom irônico, acirrando ainda mais o clima de rivalidade entre os dois campos políticos.

Fala de Janja é vista como provocação

Durante o episódio do podcast, Janja foi questionada sobre o uso de maquiadores em viagens oficiais. Em tom descontraído — mas não menos afiado — ela respondeu:

“Não sou dessas, você está confundindo a primeira-dama. Então, é a outra, não sou eu. Às vezes é exaustivo, porque eu tenho que passar minha roupa, eu mesma faço o meu cabelo. Tirei os óculos, não enxergo nada. Como é que maquio?”

A fala foi interpretada por muitos como uma crítica velada a Michelle Bolsonaro, conhecida por manter proximidade com seu maquiador e amigo pessoal, Agustín Fernandez, inclusive em compromissos públicos. O tom sarcástico acabou reverberando como um ataque direto à ex-primeira-dama.

Resposta do PL Mulher não deixa barato

Em resposta, o PL Mulher divulgou uma nota oficial adotando um tom irônico para desqualificar a fala de Janja:

“Por considerarmos que as falas de Janja constituem apenas mais um de vários episódios de devaneios e pronunciamentos inconvenientes da atual primeira-dama, não haverá manifestação da Presidente do PL Mulher.”

A nota deixa claro que o grupo político prefere não prolongar o embate, mas o conteúdo da mensagem foi lido como uma tentativa de deslegitimar a postura e as declarações de Janja, sugerindo que comentários como esse seriam recorrentes e sem relevância institucional.

Michelle mantém silêncio estratégico

Até o momento, Michelle Bolsonaro não se pronunciou diretamente sobre o caso. Seu silêncio tem sido interpretado por analistas como uma estratégia para não alimentar polêmicas que desviem o foco de sua atuação política à frente do PL Mulher, onde tem se dedicado à ampliação da participação feminina na política conservadora.

Mesmo calada, a nota do grupo que lidera deixa claro que a provocação foi percebida e não ignorada.

Rivalidade simbólica e ideológica

O episódio é mais um capítulo em uma série de embates velados entre Janja e Michelle, que desde a eleição de 2022 vêm sendo apresentadas como símbolos de espectros políticos opostos. Michelle, com discurso cristão e conservador, consolidou sua imagem dentro do bolsonarismo. Já Janja adota uma postura progressista, com forte presença nas redes sociais e participação ativa em eventos do governo federal.

Essa dualidade se reflete não apenas em estilos pessoais distintos, mas também em formas diferentes de exercer o papel de primeira-dama — uma função que, embora não oficial, tem cada vez mais importância política e midiática.

Repercussão nas redes sociais

Nas redes, a reação foi imediata. Enquanto apoiadores do governo defenderam a fala de Janja como um desabafo bem-humorado sobre sua rotina pessoal, críticos a classificaram como um ataque gratuito e desrespeitoso à ex-primeira-dama.

No X (antigo Twitter), a tag “Michelle Bolsonaro” rapidamente subiu para os assuntos mais comentados da sexta-feira, impulsionando comparações entre as duas mulheres e debates sobre o papel das primeiras-damas na esfera pública.

Políticos e comentaristas entram no debate

Figuras públicas também reagiram ao episódio. O comentarista Rafael Satiê afirmou que “Janja é incontrolável, Lula não controla ela”, enquanto o deputado federal Marcel Van Hattem (NOVO-RS) criticou a postura da primeira-dama, dizendo que ela “defende modelos autoritários como o da China, inclusive quanto à censura nas redes sociais”.

Por outro lado, Janja já afirmou em outras ocasiões que se considera uma mulher inteligente e consciente de seu papel, ainda que admita que, às vezes, possa “ter passado do ponto” — como no episódio em que xingou o bilionário Elon Musk durante o G20.

Mais do que uma provocação pessoal?

A dúvida que paira entre analistas é se o comentário de Janja foi parte de uma estratégia política ou apenas um desabafo espontâneo. De qualquer forma, o episódio evidencia a tensão latente entre as duas figuras públicas e reforça a rivalidade simbólica que existe entre elas.

Conclusão: o papel político das primeiras-damas

Mais do que um embate pessoal, o episódio entre Janja e Michelle Bolsonaro escancara como o papel das primeiras-damas no Brasil atual deixou de ser puramente cerimonial para assumir contornos políticos e ideológicos. Em um país polarizado, qualquer fala ou gesto é imediatamente convertido em munição para o debate público.

A resposta do PL Mulher pode até encerrar o episódio em termos formais, mas não apaga a disputa simbólica que segue viva — nem a percepção de que, para além de seus maridos, Janja e Michelle são protagonistas ativas na arena política nacional.

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Bruno Rigacci

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