Com aumento do IOF, comprar dólar e viajar para o exterior vai ficar mais caro; veja cálculos

A decisão do governo federal de unificar em 3,5% a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre operações cambiais terá impacto direto nos custos para brasileiros que pretendem viajar ou enviar dinheiro ao exterior. A medida passou a valer nesta sexta-feira (23) e altera significativamente o planejamento financeiro de quem realiza operações internacionais, seja por turismo, remessa ou investimentos.

Com a mudança, compras com cartões de crédito, débito e pré-pagos internacionais, além de remessas para contas no exterior e compra de moeda estrangeira em espécie, passam a ser taxadas de forma igual. Antes, as alíquotas variavam de 0,38% a 3,38%, conforme a modalidade.

Comparativo: quanto custa agora levar US$ 1 mil ao exterior

ModalidadeIOF anteriorCusto anterior (R$)IOF atualCusto atual (R$)Diferença
Compra em espécie1,10%5.696,823,50%5.832,06+ R$ 135,24
Cartão de crédito/débito3,38%5.825,303,50%5.832,06+ R$ 6,76
Cartão pré-pago3,38%5.825,303,50%5.832,06+ R$ 6,76
Remessa para conta própria1,10%5.696,823,50%5.832,06+ R$ 135,24
Remessa para terceiros0,38%5.656,253,50%5.832,06+ R$ 175,81

A tabela acima mostra que opções que antes eram mais econômicas, como compra de moeda em espécie ou envio de remessas para contas pessoais, agora ficaram mais caras. O maior impacto foi sentido nas remessas para terceiros, cuja alíquota subiu de 0,38% para 3,5%.

Reação do governo e recuos parciais

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a unificação é uma “equalização de alíquotas” e que, mesmo com o reajuste, o IOF atual seria inferior ao praticado em gestões anteriores. No entanto, diante da reação negativa do mercado e da sociedade, o governo recuou parcialmente em algumas alterações:

  • Remessas para investimentos no exterior: mantêm a alíquota reduzida de 1,1%.

  • Aplicações de fundos brasileiros no exterior: seguirão isentas do IOF (alíquota zero).

Segundo Harion Camargo, consultor da Suno, essas exceções preservam algumas opções viáveis para quem investe fora do país. “A remessa para investimentos volta a ser a alternativa mais barata, especialmente quando comparada a cartões e moeda em espécie”, explicou.

Como se preparar para viajar agora

Com a equiparação das alíquotas, não há mais diferença tributária entre os métodos de envio ou uso de dinheiro no exterior, e os especialistas recomendam que os consumidores avaliem o custo total da operação, incluindo taxas de câmbio e tarifas cobradas pelas instituições financeiras.

“Agora, o mais importante é comparar a taxa final praticada pela empresa onde o dólar será comprado ou a transferência será realizada”, aconselha Lucas Tavares, head da Exchange.

Escolher entre cartão ou espécie dependerá do destino e do perfil da viagem. Em países com boa infraestrutura digital e menor risco de fraude, o cartão pode ser mais vantajoso. Já em destinos com baixa digitalização, portar dinheiro ainda é necessário — e agora mais caro.

Planejamento financeiro é a chave

Diante do novo cenário, planejamento antecipado e diversificação são fundamentais para reduzir impactos. O especialista Jeff Patzlaff sugere o uso da estratégia do “preço médio” — comprando dólares ou programando remessas aos poucos, ao longo dos meses.

“Assim, é possível diluir variações cambiais e evitar ser pego de surpresa com medidas como essa”, afirma.

Conclusão

A unificação do IOF elimina brechas que tornavam algumas modalidades mais econômicas, e exige maior atenção dos brasileiros que viajam ou operam no exterior. Embora o governo tenha recuado parcialmente, os impactos permanecem significativos, sobretudo para a classe média, que mais utiliza essas opções de câmbio e remessas.

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Bruno Rigacci

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